02/12/2009

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:SALVADOR DALI: SURREALISMO

Salvador Dalí 
Pintor espanhol, Salvador Dalí nasceu em Figueras, na Catalunha, a 11 de Maio de 1904 e aí morreu a 20 de Janeiro de 1989. Filho de um prestigiado notário daquela cidade, frequentou a Academia de Belas-Artes de Madrid de 1921 a 1926. Foi aqui, durante a sua estadia na residência de estudantes, que Dalí conheceu e se tornou amigo do poeta Federico García Lorca e do cineasta Luis Buñuel, com os quais viria, mais tarde, a desenvolver alguns projectos. Depois de estudar em Madrid, rumou para Paris onde se instalou e se tornou membro oficial do grupo surrealista. As simpatias de Dalí pelos regimes de extrema-direita terão levado, mais tarde, Breton a exclui-lo do grupo. Datam desta altura algumas das suas obras mais representativas do surrealismo, como, por exemplo, "A Persistência da Memória", "O Jogo Lúgubre" e "Grande Masturbador". Em 1929 conheceu Helena Diakonova, conhecida por Gala Éluard, uma jovem russa que, tendo sido companheira de Paul Éluard, viria a tornar-se na modelo e companheira inseparável de Dalí.
Entre 1928 e 1930, colaborou com Buñuel nos filmes Un Chien Andalou e L'âge d'Or. Os primeiros quadros surrealistas foram expostos em 1929 e sugerem a influência de De Chirico. A mistura do real com o irreal é uma característica que se tornará frequente no seu trabalho. Elaborou um método a que chamava "crítico-paranóico", que implicava o recurso ao inconsciente, na interpretação livre de "associações delirantes". Possuía uma técnica magistral, que colocou ao serviço de uma imaginação transbordante alimentada pela leitura cuidada de Freud. As imagens oníricas e os claros símbolos sexuais não impediram o público de assimilar a sua obra, que obteve um sucesso enorme, sobretudo depois da Segunda Grande Guerra.
Nos Estados Unidos da América, para onde Dalí e Gala viajaram em 1940 e onde permaneceram durante cerca de oito anos, o artista fez, no Museu de Arte Moderna de Nova York, a sua maior exposição. Escreveu ainda A Vida Secreta de Salvador Dalí e trabalhou por diversas vezes para o cinema, teatro, ópera e bailado. Em 1974 inaugurou o Teatro-Museu de Figueras, onde se encontra exposta uma grande parte da sua obra, e, em 1983, criou a Fundação Gala-Salvador Dalí, uma instituição que gere, protege e divulga o seu legado artístico e intelectual.
Morreu em 1989, sete anos depois de Gala, e foi sepultado, como era seu desejo, no Teatro-Museu que o próprio Dalí criou e ao qual deu o seu nome.

Como referenciar este artigo:
Salvador Dalí. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2004. [Consult. 2004-07-03].

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:SURREALISMO


The Persistence of Memory
Nas duas primeiras décadas do século XX, os estudos psicanalíticos de Freud e as incertezas políticas criaram um clima favorável para o desenvolvimento de uma arte que criticava a cultura européia e a frágil condição humana diante de um mundo cada vez mais complexo. Surgem movimentos estéticos que interferem de maneira fantasiosa na realidade.

O surrealismo foi por excelência a corrente artística moderna da representação do irracional e do subconsciente. Suas origens devem ser buscadas no dadaísmo e na pintura metafísica de Giorgio De Chirico.
Este movimento artístico surge todas às vezes que a imaginação se manifesta livremente, sem o freio do espírito crítico, o que vale é o impulso psíquico. Os surrealistas deixam o mundo real para penetrarem no irreal, pois a emoção mais profunda do ser tem todas as possibilidades de se expressar apenas com a aproximação do fantástico, no ponto onde a razão humana perde o controle.

A publicação do Manifesto do Surrealismo, assinado por André Breton em outubro de 1924, marcou historicamente o nascimento do movimento. Nele se propunha a restauração dos sentimentos humanos e do
instinto como ponto de partida para uma nova linguagem artística. Para isso era preciso que o homem tivesse uma visão totalmente introspectiva de si mesmo e encontrasse esse ponto do espírito no qual a realidade interna e externa são percebidas totalmente isentas de contradições.

A livre associação e a análise dos sonhos, ambos métodos da psicanálise freudiana, transformaram-se nos procedimentos básicos do surrealismo, embora aplicados a seu modo. Por meio do automatismo, ou seja,
qualquer forma de expressão em que a mente não exercesse nenhum tipo de controle, os surrealistas tentavam
plasmar, seja por meio de formas abstratas ou figurativas simbólicas, as imagens da realidade mais profunda do
ser humano: o subconsciente.

O Surrealismo apresenta relações com o Futurismo e o Dadaísmo. No entanto, se os dadaístas propunham apenas a destruição, os surrealistas pregavam a destruição da sociedade em que viviam e a criação de uma nova, a ser organizada em outras bases. Os surrealistas pretendiam, dessa forma, atingir uma outra realidade, situada no plano do subconsciente e do inconsciente. A fantasia, os estados de tristeza e melancolia exerceram grande atração sobre os surrealistas, e nesse aspecto eles se aproximam dos românticos, embora sejam muito mais radicais.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:MARCEL DUCHAMP: DADAÍSMO

Marcel Duchamp
Artista francês, Marcel Duchamp nasceu em Blainville, França, a 28 de julho de 1887, e morreu em Nova York, EUA, em 2 de outubro de 1968. Irmão do pintor Jacques Villon (Gastón Duchamp) e do escultor Raymond Duchamp-Villon. Freqüentou em Paris a Academie Julian, onde pinta quadros impressionistas, segundo ele, "só para ver como eles faziam isso".

 "L.H.O.O.Q." 
Em 1911-1912 suas obras "O rei e a rainha cercados de nus" e "Nu descendo uma escada" estão na confluência entre o Cubismo e o Futurismo. São quadros simultaneistas, análises do espaço e do movimento. Mas já se destacam pelos títulos, que Duchamp pretende incorporar ao espaço mental da obra.

Entre 1913-1915 elabora os "ready-made", isto é, objetos encontrados já prontos, às vezes acrescentando detalhes, outras vezes atribuindo-lhes títulos arbitrários. O caso mais célebre é o de "Fonte", urinol de louça enviado a uma exposição em Nova York e recusado pelo comitê de seleção. Os títulos são sugestivos ou irônicos, como "Um ruído secreto" ou "Farmácia". Detalhe acrescentado em um "ready-made" célebre: uma reprodução da Gioconda, de Leonardo da Vinci, com barbicha e bigodes.

Segundo o crítico e historiador de arte Giulio Carlo Argan, os "'ready-mades' podem ser lidos como gesto gratuito, como ato de protesto dessacralizante contra o conceito 'sacro' da 'obra de arte', mas também como vontade de aceitar na esfera da arte qualquer objeto 'finito', desde que seja designado como 'arte' pelo artista".

Esses "ready-mades" escondem, na verdade, uma crítica agressiva contra a noção comum de obra de arte. Com os títulos literários, Duchamp rebelou-se contra a "arte da retina", cujos significados eram só, segundo ele, impressões visuais. Duchamp declarou preferir ser influenciado pelos escritores (Mallarmé, Laforgue, Raymond Roussel) - e não pretendia criar objetos belos ou interessantes. A crítica da obra de arte se estendia à antítese bom gosto-mau gosto.

Entre 1915 e 1923 o artista dedicou-se à sua obra principal, "O grande vidro", pintura a óleo sobre uma placa de vidro duplo dividido em duas seções. A parte superior chamou de "A noiva desnudada pelos seus celibatários, mesmo"; e a inferior, "Moinho de chocolate". Toda a obra é um pseudomaquinismo: a "noiva" é um aparato mecânico, assim como os "celibatários". Contendo vários níveis de significação, várias hipóteses foram formuladas pela crítica para descobrir o sentido de sua complicada mitologia.

Para Giulio Carlo Argan, "O grande vidro" foi desenvolvido "em torno de significados erótico-místicos, joga com a transparência do espaço, com o significado alquímico e simbólico, com o conceito de 'andrógino', inato em todos os indivíduos".


Coincidir arte e vida
Após "O grande vidro", Duchamp dedicou-se aos mecanismos ópticos - que chamou de "rotorrelevos". Em 1941 executa uma "caixa-maleta", contendo modelos reduzidos de suas obras, e, em 1943, a "Caixa verde", contendo fotos, desenhos, cálculos e notas.

A partir de 1957 vive em Nova York, dedicando-se à sua paixão pelo jogo de xadrez. Seu silêncio parece uma redução da capacidade inventiva, mas após sua morte descobre-se que o artista estivera trabalhando secretamente na construção de um "ambiente": um quarto fechado onde repousa uma figura em cera, cercada de vegetações. O ambiente só pode ser visto, por determinação do artista, por um orifício da porta.

A obra de Duchamp, reduzidíssima, foi menos obra do que uma atitude, um gesto crítico radical, mas em muitas declarações o artista recusou-se a ser visto como um destruidor. A atitude crítica de Duchamp ainda repercute, tantos anos depois de suas criações radicais.

Na opinião de Giulio Carlo Argan, "talvez a obra de Duchamp alquímica por excelência seja toda a sua vida, que serve de modelo para todas as novas vanguardas do segundo pós-guerra, do 'New Dada' às experiências de recuperação do corpo como expressão artística, na intenção de fazer coincidir arte e vida".

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:DADAÍSMO

Advertisement Wat wil het dadaïsme 01.jpgMovimento artístico e literário com um pendor niilista, que surgiu por volta de 1916, em Zurique, acabando por se espalhar por vários países europeus e também pelos Estados Unidos da América. Embora se aponte 1916 como o ano em que o romeno Tristan Tzara, o alsaciano Hans Arp e os alemães Hugo Ball e Richard Huelsenbeck seguiram novas orientações artísticas e 1924 como o final desse caminho, a verdade é que há uma discrepância de datas respeitantes, quer ao início, quer ao final deste movimento, ou como preferem os seus fundadores, desta «forma de espírito» («Manifesto Dada», in Dada-Antologia Bilingue de Textos Teóricos e Poemas, 1983).

O movimento Dada (os seus fundadores recusam o termo Dadaísmo já que o ismo aponta para um movimento organizado que não é o seu) surge durante e como reacção à I Guerra Mundial. Os seus alicerces são os da repugnância por uma civilização que atraiçoou os homens em nome dos símbolos vazios e decadentes. Este desespero faz com que o grande objectivo dos dadaístas seja fazer tábua rasa de toda a cultura já existente, especialmente da burguesa, substituindo-a pela loucura consciente, ignorando o sistema racional que empurrou o homem para a guerra. Dada reivindica liberdade total e individual, é anti-regras e ideias, não reconhecendo a validade, nem do subjectivismo, nem da própria linguagem. O seu nome é disso mesmo um exemplo: Dada, que Tzara diz ter encontrado ao acaso num dicionário, ainda segundo o mesmo Tzara, não significa nada, mas ao não significar nada, significa tudo. Este tipo de posições paradoxais e contraditórias são outra das características deste movimento que reclama não ter história, tradição ou método. A sua única lei é uma espécie de anarquia sentimental e intelectual que pretende atingir os dogmas da razão. Cada um dos seus gestos é um acto de polémica, de ironia mordaz, de inconformismo. É necessário ofender e subverter a sociedade. Essa subversão tem dois meios: o primeiro os próprios textos, que embora sejam concebidos como forma de intervenção directa, são publicados nas numerosas revistas do movimento como Der Dada, Die Pleite, Der Gegner ou Der blutige Ernst, entre muitas outras. O segundo, o famoso Cabaret Voltaire, em Zurique, cujas sessões são consideradas escandalosas pela sociedade da época verificando-se frequentes insultos, agressões e intervenções policiais.

Não é fácil definir Dada. Os próprios dadaístas para isso contribuem: as afirmações contraditórias não permitem um consenso já que, enquanto consideram que definir Dada era anti-Dada, tentam constantemente fazê-lo. No primeiro manifesto, por ele próprio intitulado dadaísta, Tristan Tzara afirma, que «Ser contra este manifesto significa ser dadaísta!» («Manifesto Dada», in Dada-Antologia Bilingue de Textos Teóricos e Poemas, 1983) o que confirma a arbitrariedade e a inexistência de cânones e regras neste movimento. Tentam mesmo dissuadir os críticos de o definir: Jean Arp, artista plástico francês ligado ao movimento de Zurique, ridiculariza a metodologia crítica escrevendo, que não era, nem nunca seria credível qualquer história deste movimento já que, para ele não eram importantes as datas, mas sim o espírito que já existia antes do próprio nome; além disso Tzara afirma ser «contra sistemas. O sistema mais aceitável é, por princípio, não ter nenhum.» (Dada and Surrealism,1972). São conscientemente subversivos: ridicularizam o gosto convencional e tentam deliberadamente desmantelar as artes para descobrir em que momento a criatividade e a vitalidade começam a divergir. Desde o início que é destrutivo e construtivo, frívolo e sério, artístico e anti-artístico.

Embora se tenha espalhado por quase toda a Europa, o movimento Dada tem os núcleos mais importantes em Zurique, Berlim, Colónia e Hanôver. Todos eles defendem a abolição dos critérios estéticos, a destruição da cultura burguesa e da subjectividade expressionista reconhecendo, como caminhos a seguir, a dessacralização da arte e a necessidade do artista ser uma criatura do seu tempo, no entanto, há uma evolução diferenciada nestes quatro núcleos. O núcleo de Zurique, o mais importante durante a guerra, é muito experimentalista e provocatório, embora mais ou menos restrito ao círculo do Cabaret Voltaire. É aqui que surgem duas das mais importantes inovações dadaístas: o poema simultâneo e o poema fonético. O poema simultâneo consiste na recitação simultânea do mesmo poema em várias línguas; o poema fonético, desenvolvido por Ball, é composto unicamente por sons, com predominância de sons vocálicos. Nesta última composição a semântica é completamente posta de parte: já que o mundo não faz sentido para os dadaístas, a linguagem também não terá de fazer. Ball considera ser esta uma época onde « Um universo desmorona-se. Uma cultura milenar desmorona-se.» («A Arte dos Nossos Dias», in Dada-Antologia Bilingue de Textos e Poemas, 1983). Estes tipos de composições, juntamente com o poema visual, também assente em princípios simultaneístas, e a colagem, primeiro utilizada nas artes plásticas, são as grandes inovações formais deste movimento. O grupo de Berlim, mais activo depois da guerra, está profundamente ligado às condições socio-políticas da época. Ao contrário do anterior realiza intervenções politizantes, próximas da extrema esquerda, do anarquismo e da “Proletkult” (cultura do proletariado). Apesar de tudo, os próprios dadaístas têm consciência que são demasiado anarcas para aderir a um partido político e que a responsabilidade pública que daí advinha era inconciliável com o espírito dadaísta. Colónia e Hanover são menos significativos, sendo no entanto de salientar o desenvolvimento da técnica da colagem no primeiro e a inovadora utilização de materiais casuais e subalternos, como jornais e bilhetes de autocarro, na pintura do segundo.

Estes autores destacam-se da sociedade em que estão inseridos pela revolta, pelos valores expressos nas suas obras, pelas convicções que defendem e pelas contradições que apresentam, muitas vezes exemplo da vitalidade e humor dos criadores.

Dada tornou-se muito popular em Paris, para onde Tzara vai viver depois da guerra. Na capital francesa, ao contrário de Berlim e Nova Iorque, o movimento Dada desenvolve-se bastante no campo literário. Esta ligação foi muito importante para a génese do surrealismo que acaba por absorver o movimento no início da década de vinte. As fronteiras entre os dois movimentos são ténues, embora se oponham: o surrealismo mergulha as suas raízes no simbolismo, enquanto Dada se aproxima mais do romantismo; o primeiro é nitidamente politizado, enquanto o segundo é, na generalidade apolítico (com excepção do grupo de Berlim, como já foi referido). É também possível encontrar vestígios dadaístas na poesia de Ezra Pound e T. S. Elliot e na arte de Ernst e Magritte.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:PIETER MONDRIAN: ABSTRACIONISMO

Pieter Cornelis Mondrian
Pieter Cornelis Mondrian, nasceu em Amersfoort na Holanda e entrou para a carreira artística apesar de todas as objeções da sua família. Estudou na Academia de Belas Artes de Amsterdão de 1892 a 1895 e depois começou a pintar. Os primeiros trabalhos de Mondrian, na sua grande maioria, eram pinturas de calmas paisagens em tons de suaves cinzentos, cor de malva e verdes escuros. Por volta de 1908, sob a influência do pintor holandês Jan Toorop, começou a experimentar cores mais brilhantes no intuito de transcender a natureza, criando uma série de pinturas de árvores e flores nas quais desenvolveu um estilo cada vez mais abstrato.

Mudou-se para Paris em 1912, e foi então que Mondrian tomou contato com pintores cubistas, rendendo-se às suas idéias e mudando progressivamente de seminaturalista para a crescente abstração. Mondrian encontrou novos caminhos. Durante a primeira guerra mundial, Piet pintou na Holanda, e ajudou a fundar uma revista de artes De Stijl, que influenciou a pintura, o design e a arquitetura européia.

Composição com vermelho, amarelo e azul,
ano de 1921,
 óleo sobre tela, coleção Haags Gemeentemuseum,
 Haia. 
O princípio do século XX ficou marcado pela tentativa de representar a realidade das maneiras mais abstratas, onde a pintura é um exemplo por excelência desse novo olhar. O pintor holandês levou a abstração até ao máximo dos seus limites.

Muitos foram os artistas que deram novas representações ao real, mas Mondrian foi para além deles. Ele começou a formular as suas próprias teorias estéticas. Ao seu estilo e princípios artísticos chamou de Neoplasticismo.

Nas suas últimas composições, Mondrian evitou qualquer sugestão de reprodução do mundo material, usando linhas pretas verticais e horizontais que delimitam blocos de puro branco, vermelho, amarelo ou azul. Mondrian exprimiu uma concepção, que revelou ser um expoente elevado de harmonia e de beleza.

Foi esta procura constante da harmonia e da beleza que levou Piet Mondrian a encontrar a matemática. Mondrian descobriu o famoso número de ouro e com ele chegou ao retângulo de ouro. Partilhou com Da Vinci a idéia de que a arte deveria ser sinônimo de beleza e movimento contínuo, por isso ambos utilizaram o retângulo de ouro. A razão de ouro exprime movimento, pois mantém-se em espiral até ao infinito, e o retângulo de ouro exprime a beleza, pois é uma forma geométrica agradável à vista. Assim, o retângulo de ouro passou a ser presença constante em suas pinturas.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:WASSILI KANDINSKY: ABSTRACIONISMO

WASSILI KANDINSKY 
:WASSILI KANDINSKY: 
04/12/1866, Moscovo
13/12/1944, Neuilly-sur-Seine, França
Kandinsky foi um dos principais representantes da arte abstrata. Nascido
em Moscovo, passou parte da infância em Odessa. Entre 1886 e 1892 estudou economia e direito na Universidade de Moscov, onde leccionou após a graduação.

Aos 30 anos decidiu estudar arte em Munique, na Alemanha, onde foi aluno de Franz von Stuck. Passou cerca de quatro anos em outros países e, em 1909, tornou-se presidente da Nova Associação de Artistas de Munique.

Na década de 1910 desenvolveu seus primeiros estudos não-figurativos, inaugurando a pintura abstrata. Junto a Piet Mondrian e Kasimir Malevich, faz parte do "trio sagrado" da abstração, sendo ele o mais famoso.

Para proporcionar uma nova base intelectual para a arte, fundou em Munique, em 1911, com Franz Marc, Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), uma associação de artistas que proclamavam, no manifesto "Do Espiritual na Arte" (1912), a superioridade do espírito sobre os objetos concretos.

Quando do advento da Revolução Russa, Kandinsky voltou a sua cidade natal, onde ocupou uma cátedra na Academia de Arte de Moscou. Desentendeu-se, no entanto, com as teorias da arte oficiais e regressou à Alemanha em 1921, quando iniciou um processo de geometrização em suas obras.

Passou a lecionar na famosa escola Bauhaus, em Weimar, a convite de Walter Gropius. Em 1928 adquiriu a nacionalidade alemã. Em 1933, a escola foi fechada pelo governo nazista. Kandinsky mudou-se em seguida para Paris, na França, onde viveu até o final de sua vida
.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:ABSTRACIONISMO

Primeira aquarela abstrata, do pintor russo Wassili Kandinsky, de 1910, é uma obra inaugural

Rompendo com a arte acadêmica
Segundo os dicionários, arte abstrata é aquela que procura transmitir a qualidade ou propriedade de uma coisa, sem representá-la sob uma forma definida. Ou seja, é uma forma de arte que não representa objetos ou figuras concretas, próprias da nossa realidade.
Quando a significação de um quadro depende essencialmente da cor e da forma, quando o pintor rompe os últimos laços que ligam a obra à realidade visível, aquela passa a ser chamada de abstrata.
O abstracionismo surgiu a partir das experiências das vanguardas européias, que procuravam romper com o rigor formal da arte acadêmica, no início do século 20. O cubismo foi, muitas vezes, denominado como arte abstrata porque, ainda que suas obras fossem representativas e figurativas, buscavam sintetizar os elementos da realidade natural, fugiam da simples imitação daquilo que era "concreto".

O russo Wassili Kandinsky (1866 - 1944) pode ser considerado um dos pioneiros na realização de pinturas não-figurativas.


Fases
Existem várias fases na arte abstrata:

•Abstracionismo sensível ou informal: nessa fase, juntamente com Kandinsky, podemos citar o nome de Franz Marc (1880-1916). As cores e as formas são a expressão maior desse período.

•Tachismo: manchas colocadas dentro de certo limite (o braço do artista, por exemplo).

•Grafismo: todo abstracionismo formado por conjunto de signos gráficos (linhas, curvas, traços, pinceladas, etc.).

•Orfismo: ligado à música. Tem como principal artista Sonia Delaunay.

•Raionismo: raios estanques e riscos com luminosidade.

•Abstracionismo geométrico ou formal: as formas e cores são organizadas de forma a resultar na expressão de uma concepção geométrica. Essa fase possui duas subdivisões: 1) Neoplasticismo (principal artista: Piet Mondrian, 1872-1944); e 2) Suprematismo (principal artista: Kazimir Malevitch, 1878-1935).

•Action Paiting ou pintura de ação gestual: criada por Jackson Pollock (1912-1956) nos anos de 1947 a 1950. Tem como características: a compreensão da pintura como meio de emoções intensas, a execução agressiva e espontânea, sem utilização dos meios tradicionais, como pincéis, espátulas, etc. É a pintura direta na parede, no chão ou em telas enormes.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:GIACOMO BALLA: FUTURISMO

Giacomo Balla
Vida 
Giacomo Balla nasceu em Turim, na Itália, em 1871. Em 1910 declarou publicamente sua filiação ao movimento futurista do qual se afastou em 1931. Morre no ano de 1958, em Itália.

Obra

O pintor italiano durante a sua obra tentou endeusar os novos avanços científicos e técnicos por meio de representações totalmente desnaturalizadas, sem chegar a uma total abstracção. Mesmo assim, mostrou grande preocupação com o dinamismo das formas, com a situação da luz e a integração do espectro cromático. A sua formação académica restringiu-se a um curso nocturno de desenho, de dois meses de duração, na Academia Albertina de Turim, sua cidade natal. Em 1895 o pintor mudou-se para Roma, onde apresentou regularmente suas primeiras obras em todas as exposições da Sociedade dos Amadores e Cultores das Belas-Artes.Cinco anos mais tarde, fez uma viagem a Paris, onde entrou em contacto com a obra dos impressionistas e neo-impressionistas e participou em várias exposições. Na volta a Roma, conheceu Marinetti, Boccioni e Severini. Um ano mais tarde, junta-se a eles para assinar o Manifesto Técnico da Pintura Futurista.Preocupado, como seus companheiros, em encontrar uma maneira de visualizar as teorias do movimento, apresentou em 1912 seu primeiro quadro futurista intitulado Cão na Coleira ou Cão Atrelado.Dissolvido o movimento, Balla retornou às suas pinturas realistas e voltou-se para a escultura e a cenografia. Embora em princípio Balla continuasse influenciado pelos divisionistas, não demorou a encontrar uma maneira de se ajustar à nova linguagem do movimento a que pertencia. Um recurso dos mais originais que ele usou para representar o dinamismo foi a simultaneidade, ou desintegração das formas, numa repetição quase infinita, que permitia ao observador captar de uma só vez todas as sequências do movimento.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:Umberto Boccioni: Futurismo

Umberto Boccioni
Pintor e escultor italiano nascido no dia 19 de Outubro de 1882, em Reggio di Calabria, e falecido no dia 16 de Agosto de 1916, em Sorte (Verona), em consequência de uma queda de cavalo durante manobras militares. Foi um dos representantes máximos do movimento futurista que defendia o progresso acidental, a máquina e o estilo de vida ruidoso e agitado da vida urbana. Em 1901 mudou-se para Roma para estudar acabando por fazer amizade com outros pintores pertencentes a este movimento. No início, mostrou-se interessado na pintura impressionista, principalmente na obra de Cézanne. Fez então algumas viagens a Paris, São Petersburgo e Milão. Regressando em 1910 entrou em contacto com Carrá, Russolo y Marinetti e um ano depois encontrava-se entre os autores do "Manifesto Futurista de Pintura", do qual foi um dos principais teóricos. Foi com a intenção de procurar as bases dessa nova estética que viajou para Paris, onde se encontrou com Picasso e Braque. Ao retornar, em 1912, publicou o "Manifesto Técnico da Pintura Futurista", no qual foram registados os princípios teóricos da arte futurista: condenação do passado, desprezo pela representação naturalista, indiferença em relação aos críticos de arte e rejeição dos conceitos de harmonia e bom gosto aplicados à pintura. Nesse mesmo ano participou da primeira exposição futurista mas as suas obras ainda deixavam transparecer a preocupação do artista com os conceitos propostos pelo cubismo.
Os retratos deformados pelas sobreposições de planos ainda não conseguiam expressar com clareza a sua concepção teórica. Um ano mais tarde, com sua obra Dinamismo de um Jogador de Futebol, Boccioni conseguiu finalmente fazer a representação do movimento por meio de cores e planos desordenados, como num pseudofotograma.
Em 1911 inicia a sua actividade como escultor com obras menos numerosas que as suas pinturas mas mais livres e atrevidas e onde sempre afloram elementos neo-impressionistas, assim como por outro lado consegue um intercâmbio surpreendente entre o côncavo e o convexo, superando as experiências cubistas. Nas suas obras escultóricas, que combinam madeira, ferro e cristal, Boccioni pretende ilustrar a interacção que se estabelece entre um objecto em movimento e o espaço que o rodeia.
Apesar de tudo, permaneceu sempre muito ligado a uma concepção romântica e tradicional do movimento e do quadro como janela. Em 1915 participou como voluntário na Primeira Guerra Mundial, e é nesta altura que começa a distanciar-se do futurismo, isto é, da velocidade e do dinamismo, aproximando-se de uma análise das imagens plásticas, isto é, dos volumes arredondados e mais estáticos, influenciado por Cézanne.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:FUTURISMO

MARINETTI
 (Filippo Tommaso)
MARINETTI (Filippo Tommaso), escritor italiano (Alexandria, 1876 - Bellagio, 1944), iniciador do movimento futurista, cujo manifesto publicou no jornal parisiense Le Figaro (20 de fevereiro de 1909).
Esta corrente nasceu em Itália e foi um movimento que se manifestou primeiramente na literatura para, mais tarde, se estender às artes plásticas, à arquitectura, à música, ao cinema, etc. O seu surgimento, datado de 1909, foi marcado pelo Manifesto Futurista do poeta Filippo Marinetti. Nesse texto, o autor apresentava como pontos fundamentais a recusa da harmonia e do bom gosto, do geometrismo intelectual dos cubistas, bem como do sensualismo cromático dos fauvistas, propondo uma nova poética que combatia qualquer forma ligada à tradição e fazia a exaltação da civilização industrial com tudo o que ela comportava – o movimento da máquina e da velocidade -, fazendo uma total assunção da sociedade moderna e industrial.

«Os elementos essenciais da nossa poesia serão o valor, a ousadia e a rebelião. Declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma nova beleza: a beleza da velocidade. Um automóvel de corridas é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.»
Marinetti, Primeiro Manifesto Futurista, 1909

Características fundamentais

Apologia da máquina, da velocidade, da luz e da própria sensação dinâmica;
Libertação e exaltação das energias;
Exaltação do presente, da velocidade e das formas dinâmicas produzidas pela civilização, reflectindo a vida moderna;
Alternância de planos e sobreposição de imagens, ora fundidas, ora encadeadas, para dar a noção de velocidade e dinamismo;
Arabescos contorcidos, linhas circulares emaranhadas, espirais e elipses;
Geometrização dos planos em ângulo agudo, mais dinâmico, abolindo totalmente os ângulos rectos cubistas na organização espacial, permitindo a sugestão da fragmentação da luz;
Cores muito contrastadas, em composições violentas e chocantes.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:GEORGES BRAQUE

GEORGES BRAQUE
13/5/1882, Argenteuil-sur-Seine, França
31/8/1963, Paris, França
GEORGES BRAQUE
Assim Braque definiu seu trabalho: "Amo a regra que corrige a emoção. Amo a emoção que corrige a regra". Junto com Pablo Picasso, ele inventou o cubismo, revolucionando a pintura.

Georges Braque era filho e neto de pintores. Foi criado em Le Havre e, ali, estudou na École des Beaux-Arts de 1897 a 1899.
Mudou-se para Paris e estudou com um mestre decorador em 1901.

Seu estilo inicial era impressionista. Entre 1902 e 1904, foi aluno da Academie Humbert, também em Paris. Lá, fez amizade com Marie Laurencin e Francis Picabia. Em 1907, depois de alguns meses em Antuérpia, participou de uma exposição do Salão dos Independentes (Paris), apresentando obras mais próximas do fauvismo.

Fez sua primeira exposição individual em 1908. No ano seguinte, trabalhou com Picasso no desenvolvimento do cubismo.

Em 1911, casou-se com Marcelle Lapré. Em 1912, Braque e Picasso começaram a incorporar em suas pinturas a técnica da colagem. A parceria duraria até 1914, quando estourou a Primeira Guerra Mundial e Braque, convocado, partiu para a frente de batalha. Em 1915, foi ferido em combate.

Após a guerra, a obra de Braque foi adquirindo liberdade, tornando-se menos esquemática. Em 1922, expôs no Salão de Outono (Paris), o que lhe rendeu fama. Fez ainda a cenografia para dois balés de Sergei Diaghilev.

Em 1925, mandou construir uma casa, chamando o arquiteto Auguste Perret (o mesmo do teatro dos Champs-Élysées). No fim da década, sua obra foi ficando mais realista.

Em 1930, comprou casa de campo em Varengeville, na Normandia, onde passou a morar boa parte do tempo, usando seu ateliê de pintura e escultura. Em 1931, elaborou as primeiras gravuras e começou a utilizar motivos mitológicos. Sua pintura tornou-se então mais lírica.

Em 1933, Braque realizou a primeira retrospectiva de peso, num museu da Basiléia (Suíça). Quatro anos depois, ganhou o primeiro prêmio na mostra Carnegie International, em Pittsburgh (EUA).

Durante a Segunda Guerra Mundial, recolheu-se a Varengeville e trabalhou com litogravura, gravura em metal e escultura.

A partir do fim da década de 1940, pintou pássaros, paisagens e marinhas. Em 1954, desenhou os vitrais da igreja de Varengeville e, em 1958, participou da Bienal de Veneza, que lhe dedicou uma sala especial.

Nos últimos anos de vida, mesmo com problemas de saúde, Georges Braque continuou atuante, dedicando-se à pintura, à litografia e à joalheria.