30/11/2009

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:PABLO PICASSO: CUBISMO

 Pablo Picasso
Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno María de los Remedios Cipriano de la Santísima Trinidad Ruiz y Picasso, que depois de consagrado como pintor assinaria só com o apelido materno, nasceu em Málaga no seio de uma família vinculada à pintura. Foi na Corunha que começou os seus estudos de Belas-Artes, mas foi em Barcelona, para onde a famíla se mudou em 1895, que completou a sua formação e iniciou a sua carreira de pintor. Devido à excepcionalidade dos seus dotes artísticos, obteve uma menção honrosa em ciência e caridade (1897). 
Após este período, Picasso integra-se na boémia barcelonesa de fim de século, que era então um centro artístico de grande vitalidade. Frequenta a cervejaria de 4 Gats onde conhece todos os artistas catalães dessa época.
Em 1900 viaja pela primeira vez a Paris e em 1901 faz a primeira exposição francesa. Instala-se em 1904 no mítico Bateau-Lavoir de MontMartre. Dividindo a sua obra entre Paris e Barcelona, passa a primeira fase da sua obra, os chamados Períodos Azul e Rosa que se prolongam até 1906.
Les demoiselles d'Avignon: Pablo Picasso
Em 1906, o interesse pela escultura ibérica e pelas máscaras africanas do Museu de Trocadero remete para uma nova alteração das suas obras; é o ponto de viragem para o Cubismo. Este período desenvolve-se entre 1909 e 1914.
No período entre guerras continua a aprofundar o cubismo, através da pintura, da collage e da escultura, regressando eventualmente a uma figuração classicista e mediterrânica. A Guerra Civil Espanhola impõe trouxe uma nova marcação na sua vida e obra.
Em 1937, a viação alemã, aliada dos subelevados, bombardeia a cidade de Guernica, provocando um autêntico massacre da população civil.
Após a 2.ª Guerra Mundial, Picasso instala-se no Sul de França, que visita desde os anos vinte.
Período Azul e Rosa
Entre 1900 e 1906, coincidindo com a sua tomada de contacto com a cena artística francesa, Picasso inicia a primeira fase pessoal da sua carreira artística. O peso de Barcelona arte-novista ainda se nota em alguns quadros de ar decadente e simbolista, muito de acordo com o gosto da época. As figura de porte monumental sobre ssaiem sobre fundos monocromáticos em que predominam o azul e o rosa, que dão nome a estas duas fases.
Não é fácil estabelecer a fronteira entre a época Azul e a Rosa, embora na primeira sejam mais frequentes os temas compassivos e desolados: mendigos, mães em que se adivinha a miséria, velhos decrépitos e tristezas interiores povoam estes quadros nos quais se aprecebe se precebe e inflência de Nonell e El Greco, cuja pintura começa a estar na moda no ínicio do século. Na época Rosa, em contrapartida, são frequentes os feirantes e artistas de circo, aos quais os pintores de Montmartre estavam muito apegados. Pela segunda vez, Picasso, ainda muito jovem mostra que é capaz de evoluir nele com desenvoltura antes de abandoná-lo para dar de novo um salto no vazio.
Cubismo
Em alguns quadros da chamada época rosa Picasso mostrara o seu interesse pela solidez dos volumes. É evidente que por trás desta preocupação está a pintura de Cézanne. Se a isso acrescentarmos o exemplo de representação não imitativa da realidade que pôde contemplar na esculturta ibérica e especialmente nas estatuetas e máscaras africanas expostas no Museu de Trocadero, teremos todos os elementos que determinam a evolução da sua pintura em 1906, que culmina no ano seguinte em As Meninas de Avinhão.
O quadro Tête de femme (ao lado) é também exemplo do período cubista.

Para os artistas espanhóis residentes em Paris, como Miró ou o próprio Picasso, as décadas de 30 e 40 são uma etapa de emoção contínua devido à guerra civil e Segunda Guerra Mundial.
A aviação alemã bombardeou Guernica em 26 de Abril de 1937, produzindo um verdadeiro massacre entre a população civil. Em 1 de Maio, Picasso recebe as primeiras informações e fotografias, que lhe causam tal impressão que em pouco mais de um mês tem o quadro acabado, depois de inúmeros esboços e estudos prévios.
Uma série de figuras resumem emblematicamente o horror do acontecimento: o touro, o cavalo ferido - que simboliza o povo como vitíma inocente -, o guerreiro decapitado, o grito telúrico da mãe com o filho morto nos braços. Os processos utilizados na composição do espaço são de característica cubista, como o tratamento de muitas das figuras. A renúncia à cor tem também uma função expressiva. Nunca antes desde A Morte de Marat, de David, ou Os Massacres de Quios, de Delacroix, a pintura conseguira semelhante expressão do dramatismo contemporâneo com carácter universal.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:CUBISMO

Les demoiselles d'Avignon:
 Pablo Picasso

O Cubismo foi uma tendência artística moderna, surgida em 1906, segundo a qual, o quadro (ou escultura) devem ser considerados como factos plásticos independentes da imitação directa das formas da Natureza. 
A denominação de Cubisme tem origem numa observação feita por Matisse junto de um quadro de uma paisagem de Georges Braque no Salão de Outono de 1908. Cézanne, que nunca renunciara completamente ao uso da perspectiva tradicional, nem a pintar de outro modo que não fosse a partir da Natureza, tinha como princípio que tudo na Natureza podia ser traduzido (abstraído) pelas formas geométricas básicas, como o cilindro, a esfera e o cone. Georges Braque inspirara-se neste princípio, para se exprimir no seu quadro, através de planos fortemente acusados e sem recorrer à técnica do modelado. Matisse referira-se a “petits cubes”, junto ao crítico de arte Louis Vauxcelles, que, viria a utilizar num artigo o termo Cubisme, pela primeira vez.
Pablo Picasso, por seu lado, havia pintado desde 1906/7, sob influência da Arte Negra, Les Demoiselles d’Avignon, uma pintura de simplificações violentas e elementares. (A Arte Negra havia sido descoberta por Maurice Vlaminck e propagandeada pelos Fauves.)
A Origem do Cubismo:
“Grupe du Bateau-Lavoir”, o grupo de artistas do Bateau-Lavoir (o lavadouro-flutuante) constituiu-se numa casa da praça Ravignan, em Paris, no bairro de Montmartre, tinha uma escadaria em madeira e no interior algumas particularidades que lhe valeram este nome.
Picasso tinha-a alugado desde 1904.
Picasso, Braque, Juan Gris, Max Jacob e Van Dongen habitaram esta casa onde se deu a invenção do Cubismo.
Fernand Leger juntou-se ao grupo em 1908.
De 1908 a 1914 aí se encontravam também os poetas e os artistas amigos de Guillaume Apollinaire. Guillaume Apollinaire, 1880/1918, foi um poeta e escritor francês que publicou revistas, livros e romances, e ensaios e críticas sobre pintura como les Peintres cubistes em 1913. Publicara em 1911, o “Cortège de Orphée”.
Apollinaire esteve á cabeça das vanguardas do cubismo literário e do cubismo artístico. Introduziu algumas audacias formais, como a supressão da pontuação nos seus poemas e adoptou curiosas disposições tipográficas. Viria a ser precursor do Surrealismo. É considerado o primeiro dos poetas modernos franceses, tendo as suas obras influenciado profundamente a poesia moderna.

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:MATISSE: FAUVISMO

Henri-Émile Benoît Matisse
Nascido Henri-Émile Benoît Matisse foi um destacado pintor, escultor e artista gráfico francês. Filho de Émile Hippolyte Matisse, um comerciante de grãos e de Anna Heloise Gerard, pintora de porcelanas.Formou-se em Direito, em 1887, mas não exerceu a função pois achava as leis um assunto um tanto entediante. Aos 22 anos, mudou-se para Paris para estudar arte e matriculou-se na Academie Julian, onde foi aluno de William-Adolphe Bouguereau, e depois no ateliê do pintor Gustave Moreau.Em 1894 nasceu sua filha Marguerite, fruto do relacionamento que teve com a modelo Caroline Joblau. Marguerite serviu como modelo para Matisse durante vários anos.Em 1898, aos 28 anos casa-se com Amélie Noellie Parayre que dá grande incentivo à sua vida artística. Desse casamento nascem dois filhos: Jean, em 1899 e Pierre, em 1900. 
FauvismoDepois de anos de estudos, de 1900 a 1905 participou da mostra Salão dos Independentes e Salão de Outono, em Paris, e integrou o grupo dos pintores fauvistas que se caracterizava pela simplificação das formas, o uso das cores de forma aleatória e que não correspondiam à realidade, redução do nível de graduação das cores sem nuances, até o uso da cor pura, sem misturas. Predominava temas leves sem intenções críticas, a não ser a da representação. O fauvismo, derivado de "fauve" (animal selvagem) contou também com a participação de outros artistas, entre eles, André Derain, Maurice de Vlaminck, Raoul Dufy, , Henri Manguin, Albert Marquet, Jean Puy e Emile Othon Friesz.Em sua primeira fase, Matisse assumia claramente influências de , como na obra "Nu no Estúdio" (1898), onde, em pinceladas fortes, especialmente, a figura humana se destacava num fundo difuso. Mas assume também outras influências, como as de e , com a valorização da massa de cor como um elemento representativo da composição, tanto quanto o motivo representado e essa concepção que seria desenvolvida mais tarde, teria grande importância na sua arte. A partir de 1906 até 1912 empreende diversas viagens. Da Argélia volta influenciado pelo uso decorativo da arte islâmica e introduz o decorativismo na sua pintura. Viaja também para o Marrocos. Dessa época, as pinturas "Harmonia em Vermelho" (1908), "A Dança" (1909) e "A Música" (1910), se destacam pelo uso de cores fortes, movimento e linhas, além de florais decorativos.A partir daí passa a ser um artista bastante divulgado e considerado e a influenciar a arte de seu tempo, com um estilo que se caracterizava pelo uso de cores em tonalidades fortes, mas ao mesmo tempo, combatida por uma parcela da burguesia francesa apreciadora de arte, que a consideravam como uma diluição da arte. Matisse cria um estilo simplificado em que o uso da cor chapada, sem nuances, é limitada pelo traço e desaparecem os volumes. Para Matisse, o desenho, a cor e a composição eram uma síntese e nenhum dos três elementos se destacariam, mas formavam um todo.Matisse e desenvolvem, a partir de 1907, uma estreita relação de amizade que duraria até a velhice dos dois, e freqüentemente trocavam quadros entre si. Essa amizade também revelou uma sutil competição entre os dois artistas.
Os "papiers collés"Em 1920 mudou-se para Nice, e passou a pintar quadros de grande riqueza cromática como na série das Odaliscas, em que aparecem mulheres semivestidas com roupas exóticas, em ambientes decorados, com flores. Exemplo disso são as telas "Odaliscas com Magnólias" (1924) e "Duas Odaliscas" (1928). A sensualidade feminina passa a ter grande importância e presença na sua obra.Quando em 1930, o uso da tinta óleo se tornou proibido, por problemas de saúde, começou a trabalhar com recortes de papel, técnica que continuou praticando até o fim da vida. Passa a usar também o carvão, como em "Tete de Femme" (1931). Nessa época, o trabalho de Matisse torna-se cada vez mais arte gráfica, em contraposição a arte plástica. Exemplo disso é a técnica de "papiers collés", como ilustrações do livro Jazz (1947) e a série "Nu bleu" (1952), papel pintado a guache, recortado e colado. Exerceu atividades de desenhista e ilustrador, com destaques para a edição de Poesies de Stephane Mallarme (1932), Ulisses, de (1935) e Les Fleurs du Mal, de (1944), usando a técnica da água-forte, xilografia e litografia.Em 1941 é vítima de câncer e operado passa depender de uma cadeira de rodas para se locomover.Entre 1948 e 1951 dedicou-se à decoração da capela do Rosário em Saint-Paul, perto de Vence, no sul da França. Matisse, concebeu todos os detalhes, dos vitrais ao mobiliário, onde pode desenvolver a sua concepção religiosa das formas, com a presença dos florais em arabescos nos vitais. Ficou tão satisfeito com o resultado desse trabalho que, apesar de tudo o que realizou, passou a considerá-lo como a sua melhor obra.Nesse ano de 1948 é apresentada uma retrospectiva de seu trabalho no Museu da Arte Moderna, de Nova York.A colagem "Tristeza do Rei" (1952) na técnica de "papiers collés" é uma das suas últimas obras. Nela, a figura do rei, em negro com uma viola entre as mãos, seria a tristeza do próprio Matisse, adoentado, preso a uma carreira de rodas, desde 1941 e que viria a falecer em 3 de novembro de 1954, de ataque cardíaco, aos 84 anos de idade. (AAR)

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:FAUVISMO

Marc Zakharovich Chagall 
Esta corrente, Fauvismo, constituiu a primeira vaga de assalto da arte moderna propriamente dita. Em 1905, em Paris, no Salon d’Automne, ao entrar na sala onde estavam expostas obras de autores pouco conhecidos, Henri Matisse, Georges Rouault, André Derain, Maurice de Vlaminck, entre outros, o crítico Louis de Vauxcelles julgou-se entre as feras (fauves).As telas que se encontravam na sala eram, de facto, estranhas, selvagens: uma exuberância da cor, aplicada aparentemente de forma arbitrária, tornava as obras chocantes. Caracteriza-se pela importância que é dada à cor pura, sendo a linha apenas um marco diferenciador de cada uma das formas apresentadas. A técnica consiste em fazer desaparecer o desenho sob violentos jactos de cor, de luz, de sol.

Características fundamentais

Primado da cor sobre as formas: a cor é vista como um meio de expressão íntimo;Desenvolve-se em grandes manchas de cor que delimitam planos, onde a ilusão da terceira dimensão se perde;A cor aparece pura, sem sombreados, fazendo salientar os contrastes, com pinceladas directas e emotivas;Autonomiza-se do real, pois a arte deve reflectir a verdade inerente, que deve desenvencilhar-se da aparência exterior do objecto;A temática não é relevante, não tendo qualquer conotação social, política ou outra.Os planos de cor estão divididos, no rosto, por uma risca verde. Do lado esquerdo, a face amarela destaca-se mais do fundo vermelho, enquanto que a outra metade, mais rosada, se planifica e retrai para o nível do fundo em cor verde. Paralelos semelhantes podemos ainda encontrar na relação entre o vestido vermelho e as cores utilizadas no fundo.A obra de arte nasce, por isso, autónoma em relação ao objecto que a motivou.dos temas mais característicos do autor, onde sobressaem os padrões decorativos.A linguagem é plana, as cores são alegres, vivas e brilhantes, perfeitamente harmonizadas, não simulando profundidade, em total respeito pela bidimensionalidade da tela.A cor é o elemento dominante de todo o rosto. Esta é aplicada de forma violenta, intuitiva, em pinceladas grossas, empastadas e espontâneas, emprestando ao conjunto uma rudeza e agressividade juvenis.Estudo dos efeitos de diferentes luminosidades, anulando ou distinguindo efeitos de profundidade.

27/11/2009

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:EDVARD MUNCH: EXPRESSIONISMO

Munch em 1921
Edvard Munch foi um importante artista plástico norueguês. É considerado, por muitos estudiosos das artes plásticas, como um dos artistas que iniciaram o expressionismo na Alemanha.
- Edvard Munch nasceu na cidade de Løten (Noruega) em 12 de dezembro de 1863.
- Teve uma vida familiar muito conturbada, pois sua mãe e uma irmã morreram quando Munch ainda era jovem. Uma outra irmã tinha problemas mentais. O pai de Munch tinha uma vida marcada pelo fanatismo religioso. Para complicar, Munch ficou muito doente durante a infância.
- Já adulto, começou a apresentar um quadro psicológico conturbado e conflituoso. Alguns estudiosos afirmam que Munch, provavelmente, possuia transtorno bipolar.
- Munch estudou artes plásticas no Liceu de Artes e Ofícios da cidade de Oslo (capital da Noruega).
- Em 1885, viajou para Paris onde entrou em contato com vários movimentos artísticos. Ficou muito atraído pela arte de Paul Gauguin.
- Entre os anos de 1892 e 1908 viveu na cidade de Berlim (Alemanha).
- Em 1892 participou de uma exposição artística em Berlim. Porém, a mesma foi cancelada em função do grande choque que provocou na sociedade alemã.
- Em 1893, pintou sua obra de arte de maior importância: O Grito. Esta obra tornou-se um dos símbolos do expressionismo.
- Em 1896, começou a fazer gravuras e apresentou várias inovações nesta técnica artística.
- Em 1908, voltou para a Noruega para viver em seu país natal definitivamente.
- No final da década de 1930 e início da década de 1940 passou por uma forte decepção. O governo nazista ordenou a retirada de todas as obras de arte de Munch dos museus da Alemanha por considerá-las esteticamente imperfeitas e por não valorizar a cultura alemã.
- Munch morreu em 23 de janeiro de 1944, na cidade de Ekely (próximo a Oslo).
Estilo artístico
- Abordagem de temas relacionados aos sentimentos e tragédias humanas (angústia, morte, depressão, saudade).
- Pintura de imagens desfiguradas, passando uma sensação de angústia e desespero.
- Forte expressividade no rosto das personagens retratadas.
- Pintura de figuras marcadas por fortes atitudes.
Principais obras de Munch: 

- Spring Day on Karl Johan (1891)
- Evening on Karl Johan (1892)
- Melancolia (1892)
- A Voz (1892)
- O Grito (1893)
- Vampira (1893-94)
- Anxiety (1894)
- A Madona (1894-1895)
- Jealousy (1895)
- Puberdade (1895)
- Self-Portrait with Burning Cigarette (1895)
- A menina doente (1895-1896)
- Lady From the Sea (1896)
- A dança da vida (1899-1900)
- A Morte da Mãe (1899-1900)
- Meninas no Jetty (1901)
- Crianças na rua (1907)
- Atração (1908)
- Assassino na Alameda (1919)
- Reunião (1921)
- Entre o Relógio e a Cama (1940-1942)

25/11/2009

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:CORRENTE ARTÍSTICA: EXPRESSIONISMO

Expressionismo
O Expressionismo designa um movimento cultural que se manifestou nos mais diversos campos artísticos como as artes visuais, o teatro, a literatura e o cinema. Nas artes plásticas (pintura, escultura, fotografia) e na arquitectura, esta tendência, de dimensão internacional desenvolveu-se a partir dos finais do século XIX, tendo conhecido uma importante expansão na Alemanha, no contexto de angústia e de agitação social que antecedeu a Primeira Guerra Mundial.
O Expressionismo apresentou-se em oposição tanto ao sentido cientista do Impressionismo como à vocação decorativa da Arte Nova e caracteriza-se pela procura de formas artísticas que exprimissem mais livre e subjectivamente os sentimentos do artista em relação à realidade. Os quadros tornaram-se o retrato intenso de emoções, transmitidas através de cores violentas e de pinceladas vincadas e as esculturas apresentavam formas agressivas, modelações vincadas e texturas rudes.
As primeiras manifestações que se podem considerar precursoras do movimento expressionista datam de meados de 1880. Entre estas contam-se as obras do pintor holandês Vincent Van Gogh, marcante pelo uso intenso dos valores cromáticos e texturais, e do francês Toulouse-Lautrec, nomeadamente pelos temas abordados e pela liberdade e espontaneidade do desenho. Os pintores Edvard Munch, expoente do Expressionismo nórdico, e James Ensor representaram outro momento de afirmação dos fundamentos da estética expressionista, como temas dramáticos e obcessivos e pela violência das fomas e da cor.
Todas estas referências vão cruzar-se no contexto artístico da Alemanha de inícios do século, encontrando eco em artistas que procuram afirmar novos caminhos.
A primeira corrente organizada dentro no interior do movimento expressionista foi o grupo Die Brücke (A Ponte), formado em Dresden em 1905, por Ernst-Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff, Emil Nolde (1867-1956) e Max Pechstein (1881-1955) entre outros, com objectivo de agregar as várias tendências de vanguarda, rejeitando o academismo, o Impressionismo, o Jugendstil e a Secessão. Procurava, através de uma expressão directa, emotiva e muitas vezes violenta, a representação da realidade social e política desse período.
Mais tarde, em 1912, é formado em Munique o grupo Der Blaue Reiter (O cavaleiro azul) pelos pintores Wassily Kandinsky e Franz Marc, que reúne um vasto número de artistas alemães, suíços e russos, constituindo um novo período de afirmação do Expressionismo, mais ligado às manifestações do inconsciente e à atenção aos valores cromáticos e formais.
A corrente Nova Objectividade (Die Neue Sachlichkeit ) formada no período entre as duas guerras mundiais, num clima de intensos problemas sociais e de desilusão e decadência de determinadas formas da cultura e da civilização ocidental, assumiu a recuperação e o ressurgimento do Expressionismo, após a interrupação ditada pela Primeira Guerra Mundial. Teve com protagonistas os pintores Otto Dix (1891-1969), George Grosz (1893-1959) e Max Beckmann (1884-1950), cujos trabalhos denunciam uma atitude eminentemente satírica e de crítica social.
A expansão internacional do Expressionismo acentua-se precisamente nesta altura, destacando-se os trabalhos de artistas como Oskar Kokoschka (1886-1980) e Arnold Schoenberg (1874-1951) na Áustria, e de Georges Rouault (1871-1958) e Chaïm Soutine (1894-1943), em França.
A pintura expressionista foi uma das principais precursoras do movimento do Expressionismo Abstracto e do Informalismo, surgidos respectivamente nos Estados Unidos da América e na Europa nas décadas de quarenta e cinquenta.
A escultura expressionista foi grandemente impulsionada pela obra do francês Auguste Rodin. De facto, um dos principais representantes deste movimento no campo da escultura foi Antoine Bourdelle (1861-1929), um dos discípulos do mestre francês. Destacam-se ainda alguns trabalhos do americano Jacob Epstein (1880-1959) e do alemão Ernst Barlach (1870-1938), representando geralmente figuras humanas de carácter maciço, às quais imprimem diferentes tipos de distorção e uma modelação livre e intencionalmente imperfeita.

Como referenciar este artigo:
Expressionismo. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-11-25].

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:GUSTAV KLIMT: ARTE NOVA

Gustav Klimt
Artista austríaco, Gustav Klimt nasceu a 14 de Julho de 1862, em Baumgarten, próximo de Viena, e morreu a 6 de Fevereiro de 1918, em Viena, vítima de apoplexia.
Gustav Klimt
Estudou na Escola de Artes e Ofícios de Viena entre 1876 e 1883. Nesse mesmo ano fundou, juntamente com o irmão Ernst Klimt e com Franz Matsche, um atelier de pintura, especializando-se na execução de murais, pinturas para tectos ou para cenários.
O seu trabalho inicial consistiu essencialmente em grandes murais para teatros, num estilo naturalista, de entre os quais se destacam o tecto do Burgtheater de Viena (1886-1888) e as pinturas da escadaria do Museu de História de Arte, também em Viena (1890-1892). Neste trabalho, Klimt procurou fazer uma síntese da história da arte, pintando cada personagem num estilo diferente, conforme ao período que encarnava. A partir de 1894 executou grandes pinturas alegóricas para o tecto da Sala Magna da Universidade de Viena, enveredando por uma linguagem mais ornamental e linear, próxima dos ideais estéticos do movimento da Arte Nova. Estes trabalhos, "A Filosofia", "A Medicina" e "O Direito", foram tão fortemente criticados pelas correntes mais tradicionalistas, que se abandonou a intenção de os colocar nos locais previstos. Confrontado com esta hostil reacção crítica do público, Klimt retirou-se da vida pública.
Em 1897, Klimt foi um dos membros fundadores do grupo da Secessão de Viena(um movimento de reacção contra o conservadorismo académico burguês), tornando-se seu presidente até 1905, ano em que abandonou o movimento para formar o Grupo Klimt. Nesta altura colaborava no periódico Ver Sacrum, para o qual realizou um conjunto de ilustrações de carácter alegórico.
A partir de 1898, o seu trabalho tornou-se mais original e inovador, ganhando um carácter simultaneamente mais simbólico e decorativo. Em 1902 executa, para a sede da Secessão, um edifício projectado por Olbrich, o Friso de Beethoven, uma grande pintura mural, cuja influência sobre as gerações mais jovens foi considerável. Este friso foi, tal como a 9.ª Sinfonia de Beethoven, realizado em três fases, dividindo-se em "Aspiração à Felicidade", "As Forças Inimigas" e "Hino à Alegria".
Os seus trabalhos mais famosos, datados do último período artístico do pintor, foram O retrato de Fritza Riedler (1906) e os murais e mosaicos realizados para o Palácio Stoclet (1905-1909) em Bruxelas, uma grande casa desenhada pelo arquitecto austríaco Joseph Hoffmann, também ele membro da Secessão Vienense. Nas suas pinturas, Klimt revelou a tendência para eliminar o efeito de profundidade e de volume, transformando as figuras num conjunto de superfícies decorativas, com carácter abstracto, de onde se destacavam os pormenores figurativos das mãos e dos rostos.
Neste período, Klimt colabora com muitos dos artistas dos Wiener Werstätten (ateliers vienenses), fundados em 1902 por Hoffmann, realizando aí inúmeros trabalhos de artes aplicadas.
Apesar de ser contestado no seu país natal até 1917 (ano em que foi eleito membro de honra da Academia de Viena), em 1910 a sua obra foi alvo de uma recepção entusiástica na Bienal de Veneza.
Pintou essencialmente a mulher feminina e fatal, enfatizando a sexualidade, nomeadamente através da representação das senhoras da sociedade de Viena. Os seus quadros compõem-se de mosaicos, cores quentes, motivos florais e animalescos e, claro, de mulheres sensuais de corpos desnudados.
As suas obras pictóricas mais conhecidas são O Beijo, uma pintura a óleo sobre tela datada de 1907-1908, onde o artista pinta um par romântico ornado por uma composição de mosaicos e elementos vegetalistas; e o Abraço, um projecto para a decoração da casa Stoclet, concebido entre 1905 e 1909.
A pintura de Klimt, um dos mais importantes pintores vienenses de inícios do século, teve significativas repercussões na obra de alguns artistas do movimento expressionista, tais como o alemão Egon Schiele e o austríaco Oskar Kokoschka.


Como referenciar este artigo:
Gustav Klimt. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-11-25].

SUBTEMA I.3.: SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA.:ARTE NOVA

Arte Nova
Café MajesticLocal: Rua St Catarina, 112

Estilo artístico ornamental (também conhecido por Art Nouveau e Jugendstil, entre outros nomes) que surgiu na Europa e nos Estados Unidos da América entre cerca de 1860 e 1910. A estética da Arte Nova constitui uma tentativa de modernidade e de criar um estilo livre das imitações históricas que tinham caracterizado o século XIX. Afirma-se principalmente no campo decorativo, empregando curvas e contracurvas, excêntricas e assimétricas, e estilizações florais. É visível na arquitectura, no desenho de interiores, na joalharia, no desenho em vidro e na ilustração. Entre os seus principais cultores encontram-se William Morris, Antoni Gaudí, Charles Rennie Mackintosh, Henry Clemens van de Velde, Gustav Klimt e René Lalique.

Como referenciar este artigo:
Arte Nova. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-11-25].

SUBTEMA I.3. SOCIEDADE E CULTURA NUM MUNDO EM MUDANÇA

CONTEXTUALIZAÇÃO
Ao longo da segunda metade do século XX, o mundo ocidental passou por transformações políticas e económicas, com já vimos. Estas abriram caminho a mudanças na mentalidade e a grandes alterações na sociedade e na cultura.
Neste período verificou-se um crescimento dos centros urbanos, os sectores da indústria e do comércio cresceram e o da agricultura diminuiu. As classes médias destacam-se, adquirindo cada vez maior importância. Ao mesmo tempo, a cultura torna-se acessível às diferentes camadas sociais. A arte reflecte a mudança; os progressos técnicos e a afirmação de uma nova mentalidade põem em causa as concepções tradicionais e abrem caminho a outras inovações.

11/11/2009

SUBTEMA I.2: PORTUGAL: DA 1ª REPÚBLICA À DITADURA MILITAR.:PRESIDENTES DA DITADURA MILITAR

Mendes Cabeçadas 
Mendes Cabeçadas
(1883 - 1965)
Aquando da entrada em funções do primeiro governo da ditadura militar, Bernardino Machado demitiu-se e transmitiu todos os poderes a José Mendes Cabeçadas Júnior. Ele foi o Presidente da República entre 30 de Maio e 17 de Junho de 1926.







Gomes da Costa (1863 - 1929)

Gomes da Costa
 General e Presidente da República
 1863 – 1929


Gomes da Costa afastou Mendes Cabeçadas da Presidência da República e assumiu os seus poderes até 9 de Julho de 1926, enquanto não foi designado um novo Chefe de Estado.











Marechal Óscar Carmona,
Presidente da República de 1928 a 1951
Óscar Carmona (1869 - 1951)

Oficial de cavalaria, tomou uma posição de destaque na defesa e absolvição dos implicados no golpe de Abril de 1925. 
Foi nomeado ministro dos Negócios Estrangeiros do primeiro governo saído do 28 de Maio. Ao chefiar o golpe que conduz ao afastamento de Gomes da Costa, tornou-se o líder máximo da ditadura, institucionalizando-a e colocando à sua frente um homem que progressivamente ganhou uma posição de relevo: Salazar.
 Em 1928 apresentou-se como único candidato às eleições presidenciais, cargo que iria ocupar sucessivas vezes até à sua morte.

SUBTEMA I.2: PORTUGAL: DA 1ª REPÚBLICA À DITADURA MILITAR.:GENERAL GOMES DA COSTA

Gomes da Costa

Militar português, Manuel de Oliveira Gomes da Costa nasceu a 14 de Janeiro de 1863, em Lisboa, e morreu a 17 de Dezembro de 1929. Oficial do Exército, foi nas colónias que decorreu parte significativa da sua carreira militar, tendo vindo mais tarde a publicar obras de História militar fundamentadas quer no estudo do passado quer na sua experiência pessoal. Participou em operações militares primeiro na Índia, depois em Moçambique, neste último caso sob as ordens de Mouzinho de Albuquerque, de quem se afirmaria discípulo e admirador. Foi ainda naquela colónia que assumiu funções de carácter político-administrativo, durante o período de governo de Freire de Andrade. Implantada a República, continuou a sua carreira de militar colonial em postos de chefia em Angola e São Tomé e Príncipe. Após o desencadear do conflito mundial, em que Portugal se viu envolvido, regressou à metrópole e incorporou-se, como voluntário, no Corpo Expedicionário que combateu na frente europeia, tendo-lhe sido atribuído o comando da 1.a Divisão daquele Corpo. Nesta sua decisão de avançar para a frente de combate foi motivado por uma razão em que comungavam os republicanos e os seus adversários: a intenção de preservar a integridade do Império. Terminada a guerra, já com a patente de general a que fora promovido pelo seu comportamento exemplar na Flandres, envolveu-se em actividades políticas conspirativas contra a República, a que na realidade nunca aderira, dadas as suas convicções monárquicas. Associou-se a políticos de tendências diversas, contando-se entre eles desde adversários declarados do regime, como os Integralistas Lusitanos, a republicanos desiludidos, como Machado Santos, o herói da Rotunda, um dos símbolos da revolta vitoriosa do 5 de Outubro de 1910. Militar prestigiado e condecorado ao mais alto nível, a sua irrequietude política fê-lo entrar em choque com as autoridades, o que lhe valeu a prisão por mais de uma vez e uma espécie de exílio disfarçado (missão de inspecção às forças militares no Oriente, o que se traduziu no seu afastamento dos centros de decisão e dos ambientes conspirativos). Depois do seu regresso, a ligação a movimentos conspirativos não esmoreceu, tendo-se envolvido na preparação do movimento político e militar que iria traduzir-se no golpe de 28 de Maio de 1926 e na consequente instauração da Ditadura Militar. Vitorioso o golpe, os vencedores envolveram-se em disputas internas: Gomes da Costa dirigiu um golpe que derrubou Mendes Cabeçadas e foi por sua vez deposto num novo golpe encabeçado pelo General Sinel de Cordes, numa vertiginosa sucessão de conflitos. A 9 de Julho triunfou o golpe de Sinel de Cordes, e apenas dois dias depois, a 11, Gomes da Costa, que recusara a opção de permanecer como Presidente da República e renunciar ao poder executivo, partiu para o exílio nos Açores, onde recebeu a promoção a marechal (o governo restabeleceu aquele grau honorífico expressamente para o homenagear) ainda no mesmo ano. Ainda exerceu algumas funções de natureza política, mas com valor protocolar apenas. Quando faleceu, em Dezembro de 1929, encontrava-se totalmente desligado do poder.




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Gomes da Costa. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-11-11].

SUBTEMA I.2: PORTUGAL: DA 1ª REPÚBLICA À DITADURA MILITAR.:DITADURA MILITAR: 28 de Maio de 1926

Ditadura Militar

Costuma designar-se assim o período da História contemporânea de Portugal que se estende de 1926 a 1933. Inicia-se com o golpe militar de 28 de Maio, que põe termo ao regime democrático parlamentarista (por ordem dos militares chegados ao poder, o Parlamento é encerrado a 31 de Maio). Trata-se de um período conturbado, que continua a instabilidade política típica dos últimos anos da República derrubada.
Podemos considerar a existência de três fases distintas nestes sete anos de vida política nacional:
1. O biénio 1926-1928, em que os militares ocupam as posições-chave nos órgãos de governação, envolvendo-se por vezes em conflitos de maior ou menor gravidade (a destituição do general Gomes da Costa é seguramente o sinal mais gritante de desinteligências internas entre os militares), surgindo o discreto general Óscar Carmona como factor de equilíbrio, enquanto árbitro entre facções e interesses e elemento unificador do Exército. Às dificuldades económicas herdadas da República somam-se as que uma administração incompetente vai produzindo, o que leva o Governo a encarar a necessidade de obter um vultoso empréstimo externo, que vem a ser rejeitado por duas ordens de razões: por um lado, porque as condições impostas para a sua concretização foram tidas por vexatórias; por outro, porque se avolumou o receio de perda das colónias para satisfação das dívidas acumuladas. Este problema financeiro virá a tomar grande importância política, obrigando a substituir a gestão financeira de militares incompetentes por uma figura de técnico competente e dotado de autoridade: será António de Oliveira Salazar a preencher essas condições. Mas não só no seio dos militares no poder surgiam dificuldades e crises. A Oposição, alguma da qual continuava a mover-se na legalidade, movimentou-se tanto no exterior (movendo as suas influências políticas para obstar ao empréstimo, desde logo) como no interior (desencadeando a revolta de Fevereiro de 1927, que redundou numa curta mas mortífera guerra civil, tendo falhado pela acção conjugada da iniciativa do ministro da Guerra e da deficiente organização da revolta, mal liderada e descoordenada).
2. Um novo biénio (1928-1930), quase exclusivamente marcado pela actuação de Salazar ao leme do potentíssimo Ministério das Finanças, através do qual exerce um severo controle sobre todo o aparelho de Estado. No fim deste biénio, é-lhe creditado o saneamento das finanças públicas; efectivamente, consegue estabilizar a moeda e os preços, equilibrar o orçamento do Estado e reduzir a dramática dívida externa (antes dele, na República, apenas Afonso Costa conseguira semelhantes resultados). Este sucesso, apesar da controvérsia que suscitou, colocou Salazar na posição de líder indiscutível do regime.
3. Segue-se mais um período conturbado, em que o regime tem de enfrentar um recrudescimento das conspirações e revoltas dos oposicionistas (na Madeira, em 1931, por exemplo), com um pesado saldo de mortos e feridos, seguidos de deportações e prisões, a que se juntam manifestações de tendências autonomistas nas colónias (Angola, 1930) e o receio de que a proclamação da República na vizinha Espanha (1931) venha dar novo ânimo aos oposicionistas ou conduza mesmo à perda da independência. Dentro do Governo, o poder de Salazar vai crescendo (junta o Ministério das Colónias ao das Finanças). Para consolidar os apoios ao Governo e ao regime e evitar um recrudescimento das tentativas de restauracionismo monárquico, é criada em 1931 a União Nacional. Sob a direcção cada vez mais forte de Salazar, que ascende à cadeira de primeiro-ministro (mas não sem oposição interna e externa), o regime desmilitariza-se progressivamente e vai sendo criado um regime centralizado, nacionalista e colonialista. O coroamento deste edifício político é a aprovação por plebiscito da Constituição de 1933, que institucionaliza o Estado Novo, e a aprovação do Estatuto do Trabalho Nacional, que corporativiza os sindicatos.




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Ditadura Militar. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009

SUBTEMA I.2.: PORTUGAL: DA 1ª REPÙBLICA À DITADURA MILITAR.: SÍMBOLOS DA 1ª REPÚBLICA

Símbolos nacionais

1. A Constituição da República determina, no seu artigo 11º, nºs. 1 e 2:

1 – A Bandeira Nacional, símbolo da soberania da República, da independência, da unidade e integridade de Portugal é a adoptada pela República instaurada pela Revolução de 5 de Outubro de 1910.

2 – O Hino Nacional é A Portuguesa.

2. No que se refere à legislação ordinária, importa mencionar o Decreto-Lei nº 150/87, de 30 de Março, diploma que veio regular a utilização da bandeira em todo o território nacional, ressalvando apenas as normas específicas do âmbito militar e marítimo. Prevê-se o uso da bandeira em todo o território nacional (artigo 2º, nº 1), determinando-se que ela deve ser apresentada de acordo com o «padrão oficial» (o definido no artigo 11º da Constituição) e preservada em bom estado (artigo 2º, nº 2), devendo ainda ser hasteada «aos domingos e feriados, bem como nos dias em que se realizem cerimónias oficiais ou outros actos ou sessões solenes de carácter público» (artigo 3º, nº 1). Além disso, o Governo, os órgãos de governo próprio das regiões autónomas, os governadores civis, os órgãos executivos das autarquias locais e os dirigentes de instituições privadas poderão ordenar que a Bandeira Nacional seja hasteada (artigo 3º, nº 2). Por fim, nos edifícios-sede dos órgãos de soberania a Bandeira Nacional poderá ser arvorada diariamente, por direito próprio (artigo 3º, nº 3). A Bandeira Nacional deverá permanecer hasteada entre as 9 horas e o pôr do Sol e, quando permanecer hasteada durante a noite, deverá, sempre que possível ser iluminada por meio de projectores (artigo 6º, nºs. 1 e 2). Durante os períodos de luto nacional, a Bandeira será colocada a meia haste (artigo 7º, nº 1). Por fim, cumpre referir que a Bandeira Nacional, quando desfraldada com outras bandeiras, portuguesas ou estrangeiras, ocupará sempre o lugar de honra (artigo 8º).

3. Os símbolos nacionais são bens jurídicos considerados dignos de tutela penal. Logo em 1910, o artigo 3º do decreto com força de lei de 28 de Dezembro veio determinar que «aquele que, de viva voz ou por escrito publicado ou por outro meio de publicação, ou por qualquer acto público, faltar ao respeito devido à bandeira nacional que é o símbolo da Pátria, será condenado na pena de prisão correccional de três meses a um ano e multa correspondente e, em caso de reincidência, será condenado no mínimo de pena de expulsão do território nacional, fixado no § único, do artigo 62º, do Código Penal». Actualmente, o artigo 332º do Código Penal pune com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias «quem publicamente, por palavras, gestos ou divulgação de escrito, ou por outro meio de comunicação com o público, ultrajar a República, a bandeira ou o hino nacionais, as armas ou emblemas da soberania portuguesa»; no caso de símbolos regionais, a pena é de prisão até um ano ou multa até 120 dias.

Bandeira Nacional
Bandeira Portuguesa

Significado dos símbolos e cores da bandeira:
(- As 5 quinas simbolizam os 5 reis mouros que D. Afonso Henriques venceu na batalha de Ourique.
- Os pontos dentro das quinas representam as 5 chagas de Cristo. Diz-se que na batalha de Ourique, Jesus Cristo crucificado apareceu a D. Afonso Henriques, e disse: "Com este sinal, vencerás!". Contando as chagas e duplicando as chagas da quina do meio perfaz-se a soma de 30, representando os 30 dinheiros que Judas recebeu por ter traído Cristo.
- Os 7 castelos simbolizam as localidades fortificadas que D. Afonso Henriques conquistou aos Mouros.
- A esfera armilar simboliza o mundo que os navegadores portugueses descobriram nos séculos XV e XVI e os povos com quem trocaram ideias e comércio.
- O verde simboliza a esperança.
- O vermelho simboliza a coragem e o sangue dos Portugueses mortos em combate.)

O cromatismo verde-rubro, tal como veio a ser adoptado pelo governo republicano em 1910, remonta ao movimento do 31 de Janeiro de 1891. Em 5 de Outubro, foi utilizado por Machado Santos na Rotunda e, depois, em todos os quartéis e no alto do Castelo de São Jorge (ainda que a disposição das cores fosse diversa da actual, com o vermelho junto à tralha e a parte maior a verde).

A questão dos símbolos nacionais constituiu uma das primeiras prioridades do Governo Provisório formado na sequência do 5 de Outubro de 1910.

Por Decreto de 15-10-1910, o Governo nomeou uma comissão, a que foi integrada por personalidades como Columbano Bordalo Pinheiro, Abel Botelho e João Chagas. Poucos dias depois, em 29 de Outubro, a comissão apresenta um primeiro projecto, que correspondia à bandeira do 5 de Outubro com a importante diferença de a disposição das cores vir agora invertida em relação àquela, com a cor verde junto à tralha. Quanto às armas, a comissão propôs a esfera armilar, «padrão eterno do nosso génio aventureiro», e o escudo branco com quinas azuis «da fundação da nacionalidade». Apresentado um segundo projecto, que mantinha o cromatismo verde-rubro, o Governo aprova-o em 29 de Novembro de 1910.

A Assembleia Nacional Constituinte, na sua sessão de abertura, do mesmo passo que decretou a abolição da Monarquia, sancionou o projecto aprovado pelo Governo para a Bandeira e para o Hino Nacionais (cfr. Actas da Assembleia Nacional Constituinte de 1911, Lisboa, 1986, p. 15).

O Decreto de 19-6-1911, da Assembleia Nacional Constituinte, veio dispor:

«1º- A Bandeira Nacional é bipartida verticalmente em duas cores fundamentaes, verde escuro e escarlate, ficando o verde do lado da tralha. Ao centro, e sobreposto à união das duas côres, terá o escudo das Armas Nacionaes, orlado de branco e assentando sobre a esfera armilar manuelina, em amarello e avivada de negro. As dimensões e mais pormenores de desenho, especialização e decoração da bandeira são os do parecer da commissão nomeada por decreto de 15 de outubro de 1910, que serão immediatamente publicados no Diario do Governo.

2º - O hymno nacional é A Portuguesa» (cfr. Diário do Governo, nº 141, de 20-6-1911, p. 2601).
Dias depois, era publicado o parecer técnico sobre as medidas e proporções da bandeira nacional, como das bandeiras regimentais e do Jack para os navios (cfr. Diário do Governo, nº 150, de 30-6-1911, pp. 2756-2757).

Hino Nacional

O Hino Nacional é o outro símbolo nacional definido pelo artigo 11º da Constituição. Com música da autoria de Alfredo Keil e letra de Henrique Lopes de Mendonça, A Portuguesa foi composta no rescaldo emocional do Ultimatum e tornou-se a marcha dos revoltosos do 31 de Janeiro. Certamente por esse motivo, foi proibida pelo regime monárquico. A revolução de 5 de Outubro acabaria por recuperá-la e, logo em 17 de Novembro, o Ministério da Guerra determinava que, sempre que se executasse o hino A Portuguesa, todos os militares presentes, quando fardados, fizessem continência e, estando à paisana, se descobrissem, conservando-se de pé, em ambos os casos, até ao final da execução.

Contudo, a aprovação da versão oficial só se viria a dar-se em 1957, através da resolução do Conselho de Ministros publicada no Diário do Governo, 1ª série, nº 199, de 4-9-1957. Em consequência, foi elaborada a versão para grande orquestra sinfónica, da autoria de Frederico de Freitas, e, a partir desta, a versão para grande banda marcial, pelo major Lourenço Alves Ribeiro, inspector das bandas militares.

A Portuguesa

Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria, sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Composição
Alfredo Keil, Henrique Lopes de Mendonça




O ESCUDO

O decreto de 22-5-1911 reformou profundamente, sob o ponto de vista técnico, o sistema monetário que vigorava em Portugal, alterando a denominação de todas as moedas, o material, o peso, e as dimensões das moedas de bronze e substituiu, pelo escudo de ouro, o real.
Dividido em 100 partes iguais, denominadas centavos, o escudo correspondia, quer no valor, quer no peso de ouro fino, à moeda de 1 000 réis.
Como múltiplos, criaram-se moedas de ouro, que nunca se cunharam, de 2, 5 e 10 escudos e, como submúltiplos, moedas do valor legal de 10, 20 e 50 centavos e moedas subsidiárias de bronze-níquel de valor legal de 4, 2, 1 e ½ centavos, as quais, com excepção desta última, vieram todas a ser cunhadas.

SUBTEMA I.2: PORTUGAL: DA 1ª REPÚBLICA À DITADURA MILITAR.:PORTUGAL NA I GUERRA MUNDIAL

Portugal na Grande Guerra

Portugal era, no início do século XX, uma pequena potência com um vasto império colonial, incompletamente ocupado e imperfeitamente explorado, mas cobiçado por potências mais fortes (Inglaterra, França e Alemanha), que secretamente se entendiam no sentido de redesenharem o mapa de África de acordo com os seus interesses. Quando, em 1914, é desencadeada a Primeira Guerra Mundial, os políticos portugueses entenderam que a via mais consentânea com a defesa da integridade do império era a participação no conflito, ao lado da Inglaterra (tradicional aliada que era simultaneamente uma séria concorrente, como se vira na questão do Ultimato inglês). A entrada na guerra proporcionaria a Portugal um lugar à mesa das negociações, em posição de obstar à partilha dos territórios coloniais entre outras potências.
Portugal entrou, assim, oficialmente na guerra em Março de 1916, embora já se tivessem travado combates de maior ou menor envergadura nas fronteiras coloniais de Angola e Moçambique, em áreas disputadas por forças alemãs. Essa guerra surda, longe dos grandes centros de decisão, não concedia a Portugal uma posição de suficiente destaque para a defesa dos seus interesses em matéria colonial; era necessário entrar no conflito no teatro de operações europeu, o que foi feito em concerto com a Inglaterra e a França.
A política de defesa colonial era a que maior consenso obtinha junto da opinião pública portuguesa, mas não era a única justificação real para a participação no conflito e para privilegiar o teatro de operações europeu. Na verdade, a República temia a política anexionista de alguns sectores de grande peso na vizinha Espanha (que, em 1911-1912, apoiara as incursões restauracionistas). Colocando-se ao lado da Inglaterra, Portugal poderia assim melhor preservar a sua independência e identidade dentro da Península Ibérica. A estas razões de ordem estratégica e de política internacional deve acrescentar-se o intuito de garantir a unidade da opinião pública em apoio do novo regime político, ainda mal consolidado, assim conseguindo a sua legitimação.
A participação militar portuguesa no teatro de operações europeias fez-se sob a forma de um Corpo Expedicionário, adestrado sob a direcção do ministro da Guerra Norton de Matos. Foi tal a rapidez do processo de mobilização e instrução que se lhe passou a chamar "milagre de Tancos". Este Corpo, que englobava uma força de artilharia e brigadas de infantaria e pelo qual passaram dezenas de milhares de homens, participou nalgumas das batalhas mais cruentas da guerra, nomeadamente em La Lys, integrado num sector da frente sob comando inglês (o que foi causa de alguns atritos, pois a autonomia do comando português esteve várias vezes em perigo de desaparecer).
O saldo da participação portuguesa na guerra foi bem pesado: 35 000 baixas, número elevadíssimo de feridos e doentes (mutilados, gaseados e tuberculosos), perda de navios mercantes e de guerra imperfeitamente colmatada por vasos da frota alemã apreendidos durante o conflito, agravamento da debilidade económica e dos problemas sociais.




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Portugal na Grande Guerra. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2009. [Consult. 2009-11-11].

SUBTEMA I.2. PORTUGAL: DA 1ª REPÚBLICA À DITADURA MILITAR:GNR

Guarda Republicana
Guarda Nacional Republicana
Depois do golpe de estado de 5 de Outubro de 1910 que substituiu a Monarquia Constitucional pelo regime republicano, o nome da Guarda Municipal de Lisboa e Porto foi alterado para Guarda Republicana de Lisboa e Porto. De notar que a Guarda Municipal foi a última força monárquica a render-se aos republicanos, sendo, por isso, curioso o fato de se ter transformado talvez na única instituição pública portuguesa com o título de "Republicana".
Guarda Nacional Republicana (GNR)
Por decreto de 3 de Maio de 1911 foi criada a
Guarda Nacional Republicana, substituindo a Guarda Republicana, como uma força de segurança composta por militares, organizada num corpo especial de tropas, dependendo em tempo de paz do ministério responsável pela segurança pública, para efeitos de recrutamento, administração e execução dos serviços correntes, e do ministério responsável pelos assuntos militares para efeitos de uniformação e normalização da doutrina militar, do armamento e do equipamento. Em situação de guerra ou de crise grave, as forças da GNR ficarão operacionalmente sob comando militar.
Em 1993, a GNR absorveu a Guarda Fiscal que havia sido criada como força independente em 1885, a qual se tornou a Brigada Fiscal da GNR.
Em 2006 foi integrada, na GNR, a Polícia Florestal (Corpo Nacional da Guarda Florestal), sendo inseridos os seus elementos no Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA), reforçando a Guarda Nacional Republicana no âmbito da fiscalização e sensiblização ambiental

SUBTEMA I.2: PORTUGAL: DA 1ª REPÚBLICA À DITADURA MILITAR.:PRESIDENTES DA 1ª REPÚBLICA

PRESIDENTES DA 1ª REPÚBLICA
(1910 a 1926)

Manuel de Arriaga (20-8-1911 a 26-5-1915) Manuel José de Arriaga Brum da Silveira e Peyrelongue nasceu na Horta (Açores), no dia 8 de Julho de 1840 e faleceu em Lisboa, a 5 de Março de 1917. Foi o primeiro presidente da República Portuguesa. Foi também escritor, poeta e um grande orador.
Frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra de 1860 a 1865. Membro do Partido Republicano foi eleito quatro vezes, como deputado, pelo círculo da Madeira (de 1882 a 1892), de cujo Directório fez parte, juntamente com Jacinto Nunes, Azevedo e Silva, Bernardino Pinheiro, Teófilo Braga e Francisco Homem Cristo. Foi considerado um notável orador, tendo muitos dos seus discursos dado um impulso importante à causa republicana. Não partilhava, porém, do anti-clericalismo próprio dos primeiros republicanos portugueses.
No dia 17 de Outubro de 1905, foi nomeado reitor da Universidade de Coimbra. Em 1910 mantém o mesmo cargo conjuntamente com o vice-reitor, Sidónio Pais.
Foi deputado da 1.ª assembleia constituinte em 1911 e eleito Presidente da República - o primeiro chefe do Estado do novo regime. Diz-se que o “cidadão” presidente, quando ia, diariamente, exercer o seu cargo, apanhava o eléctrico, como outro qualquer cidadão (que diferença, para os tempos de hoje!?).
Tentou reunificar, em vão, o Partido que, entretanto, se desmembrou em várias facções. O seu mandato foi atribulado devido a incursões monárquicas movidas por Paiva Couceiro no Norte do País.
Após o "golpe das espadas", em 1915, Arriaga convidou o general Pimenta de Castro a formar governo, uma decisão que deu origem ao descontentamento e a uma revolta com centenas de mortos que consegue derrubar o general formando uma junta militar que repõe a ordem.
Arriaga pede a demissão e é então substituído pelo professor Teófilo Braga, personalidade que havia assumido o poder político após a Revolução Republicana, como Presidente do Governo Provisório.
Manuel de Arriaga morria em Lisboa, dois anos depois.
Foi sepultado em jazigo de família no cemitério dos Prazeres e transladado para o Panteão Nacional de Santa Engrácia, cumprindo a decisão votada por unanimidade pela Assembleia da República, em 16 de Setembro de 2004.

Teófilo Braga (29-5-1915 a 5-8-1915)

Joaquim Teófilo Fernandes Braga nasceu também nos Açores (Ponta Delgada), no dia 24 de Fevereiro de 1843 e faleceu em Lisboa, a 28 de Janeiro de 1924. Foi político, escritor e ensaísta português. Estreou-se na literatura, em 1859, com Folhas Verdes. Igualmente licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, fixou residência em Lisboa em 1872, onde leccionou Literatura no Curso Superior de Letras (actual Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa).
Da sua carreira literária há a registar obras de história literária, etnografia (sendo de destacar as suas recolhas de contos e canções tradicionais), poesia, ficção e filosofia.
Foi activo na política portuguesa desde 1878, ano em que concorreu a deputado pelos republicanos federalistas. Exerceu vários cargos de destaque nas estruturas do Partido Republicano Português. Em 1 de Janeiro de 1910, tornou-se membro efectivo do Directório deste Partido, conjuntamente com Basílio Teles, Eusébio Leão, José Cupertino Ribeiro e José Relvas.
No dia 28 de Agosto de 1910 foi eleito deputado por Lisboa, e em Outubro do mesmo ano tornou-se presidente do Governo Provisório, na sequência do “5 de Outubro de 1910”.
Teófilo Braga foi eleito pelo Congresso, a 29 de Maio de 1915, com 98 votos a favor, contra um voto de Duarte Leite Pereira da Silva e três votos em branco. Presidente da República de transição, face à demissão de Manuel de Arriaga, cumpriria o mandato até ao dia 5 de Outubro do mesmo ano, sendo substituído por Bernardino Machado.

Bernardino Machado (6-8-1915 a 5-12- 1917 e 11-12-1925 a 31-5-1926)
Bernardino Machado
Bernardino Luís Machado Guimarães, de seu nome completo, nasceu no Brasil (Rio de Janeiro), no dia 28 de Março de 1851 e viria a falecer em Vila Nova de Famalicão, no dia 28 de Abril de 1944, Famalicão. Foi o terceiro e o oitavo presidente eleito da República Portuguesa.
Estudou Filosofia e Matemática na Universidade de Coimbra. Foi um importante maçon tendo sido dirigente da Loja "Perseverança" do Grande Oriente Lusitano.
Bernardino Machado era filho de António Luís Machado Guimarães, primeiro barão de Joane, e de sua segunda mulher, Praxedes de Sousa Guimarães.
Recebeu no baptismo o nome próprio do avô materno, Bernardino de Sousa Guimarães, capitalista estabelecido em terras do Brasil.
Passou a infância no Brasil até aos nove anos, quando a família fixou residência em Joane, concelho de Famalicão. Em 1866, inscreveu-se na Universidade de Coimbra, em Matemática, tendo optado depois por Filosofia. Foi um brilhante aluno, tendo-se doutorado em na Academia Coimbrã, onde foi professor.
Em 1872, ao atingir a maioridade e optou pela nacionalidade portuguesa.
Casou no Porto em 1882, com Elisa Dantas Gonçalves Pereira, também nascida no Brasil, filha do conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira, de quem teve 18 filhos.
Durante a Monarquia, Bernardino Machado foi deputado pelo Partido Regenerador (1882), Par do Reino (1890), e Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria (1893).
Aderiu ao Partido Republicano em 1903.
Com o advento da República foi ministro dos Negócios Estrangeiros e o primeiro Embaixador de Portugal no Brasil (1913).
Foi Presidente da República Portuguesa por duas vezes. Primeiro, de 6 de Agosto de 1915 até 5 de Dezembro de 1917, quando Sidónio Pais, à frente de uma junta militar, dissolve o Congresso e o destitui, obrigando-o a abandonar o país.
Mais tarde, em 1925, volta à presidência da República para, um ano depois, voltar a ser destituído pela revolução militar de 28 de Maio de 1926, que instituirá a Ditadura Militar e abrirá caminho à implantação do Estado Novo.


Sidónio Pais (28-4-1918 a 14 -12-1918)
Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais nasceu em Caminha, no dia 1 de Maio de 1872. Concluiu o liceu em Viana do Castelo e seguiu para Coimbra, onde tirou os cursos de Matemática e Filosofia.
Em 1888 entra para a Escola do Exército, para a arma de Artilharia. Inicia então a sua carreira militar, sendo promovido a alferes em 1892 e chegando ao posto de major, em 1916.
Licenciou-se em Matemática, na Universidade de Coimbra, doutorando-se no ano de 1898. Nesta universidade onde se formou, acabou por dar aulas como professor catedrático e, a 23 de Outubro de 1910, foi nomeado seu Vice-reitor, sendo Reitor Manuel de Arriaga.
Foi professor da Escola Industrial Brotero e, mais tarde, Director da mesma instituição.
Depois da implantação da República, e durante um breve período de tempo, ocupou o cargo de membro dos Corpos Gerentes da Companhia de Caminhos de Ferro.
Pertenceu à Maçonaria, na Loja "Estrela de Alva" de Coimbra, com o nome de "irmão Carlyle".
Sobraçou a pasta do Fomento, no governo de João Chagas, de 4 de Setembro a 3 de Novembro de 1911. Dez dias depois, transitou para a pasta das Finanças no Executivo chamado "de concentração" de Augusto de Vasconcelos, cargo que exerceu até 16 de Junho de 1912. A 17 de Agosto de 1912 foi nomeado Ministro Plenipotenciário de Portugal em Berlim, cargo que desempenhou até 9 de Março de 1916, altura em que Portugal entrou na Primeira Guerra Mundial.
Regressou nesse ano a Portugal e, de 5 a 8 de Dezembro de 1917, liderou a revolta protagonizada pela Junta Militar revolucionária, da qual era seu Presidente. "Sidónio Pais contou com o apoio de vários grupos de trabalhadores (que negociaram a libertação de camaradas encarcerados por questões sociais) e ainda com a "expectativa benévola" da União Operária Nacional. O papel dos grupos civis foi determinante para a vitória dos revoltosos. Na madrugada de 8, acaba por exonerar o governo mas não iniciaria a habitual consulta para formação de governo, porque os revoltosos assumem o poder, destituindo o Presidente da República."
A 11 de Dezembro de 1917 tomou posse como Presidente do Ministério, acumulando as pastas da Guerra e dos Negócios Estrangeiros. Assume a Presidência da República em 27 de Dezembro (de acordo com o decreto n.º 3701) até haver nova eleição. A acumulação de poderes, valeu-lhe o epíteto de “Presidente-Rei”.
É eleito, por sufrágio directo, em 28 de Abril de 1918, sendo proclamado Presidente da República em 9 de Maio do mesmo ano. Durante o ano em que permaneceu no poder Sidónio Pais altera a Lei de Separação entre as Igrejas e o Estado, numa tentativa de apaziguamento das relações com a Igreja (23 de Fevereiro de 1918), estabelece o sufrágio universal (11 de Março de 1918) e consegue reatamento das relações com a Santa Sé, através do envio do Monsenhor Aloísio Mazella que assume as funções de Encarregado de Negócios da Santa Sé em Lisboa (25 de Julho de 1918).
Os decretos de Março de 1918, denominados de "Constituição de 1918" conferem ao regime uma feição presidencialista.
A 14 de Dezembro de 1918 é morto a tiro, por José Júlio da Costa, na estação do Rossio em Lisboa. O seu corpo está Panteão Nacional de Santa Engrácia (Lisboa). 


Almirante Canto e Castro
Canto e Castro (16-12-1918 a 5-10-1919)
João do Canto e Castro Silva Antunes Júnior nasceu em Lisboa no dia 19 de Maio de 1862 e faleceu na mesma cidade a 14 de Março de 1934. Filho do general José Ricardo da Costa Silva Antunes e de D. Maria da Conceição do Canto e Castro Mascarenhas Valdez. Foi oficial da Marinha e quinto presidente da República Portuguesa de 16 de Dezembro de 1918 a 5 de Outubro de 1919.
Frequentou o Colégio Luso-Britânico e a Real Escola Naval. Foi oficial da Armada, percorrendo todo o império português e atingindo o posto de almirante.
Guarda-marinha, em 11 de Outubro de 1883, foi promovido quatro anos depois a segundo-tenente. Neste posto embarcou nas corvetas Bartolomeu Dias e Estefânia, na fragata D. Fernando, no transporte África e nas canhoneiras Tâmega, Liberal e Zaire. Nesta última, navegou até Macau, Timor e Moçambique, vindo a ser nomeado seu comandante interino em 1 de Abril de 1889.
Em Março de 1890, desempenha as funções de auxiliar técnico da Comissão de Limites no Congo, sendo agraciado com as condecorações da Ordem da Estrela Africana e com a medalha de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
É promovido a primeiro-tenente em Janeiro de 1891, passando a prestar serviço na Escola de Alunos Marinheiros, em Lisboa.
Casou em 1892 com Mariana de Santo António Moreira Freire Correia Manoel Torres de Aboim, também de Lisboa, de quem teve três filhos, deixando geração até hoje.
Em 1892 foi nomeado governador de Moçambique. Em 1908 foi deputado.
Em 16 de Junho de 1910, é promovido a capitão-de-fragata, passando a desempenhar o cargo de vogal da Comissão Técnica da Direcção-Geral de Marinha, funções que ainda desempenha quando é implantada a República.
No início da República dirigiu a Escola de Alunos Marinheiros, em Leixões, e chefiou o Departamento Marítimo do Norte. Em 1915 dirigiu a Escola Prática de Artilharia Naval. No Governo de Sidónio Pais foi nomeado Director dos Serviços do Estado-Maior Naval e Secretário de Estado da Marinha.
Tomou posse como Ministro da Marinha, a pedido de Sidónio Pais, a 9 de Setembro de 1918, tendo-lhe sucedido depois do atentado que vitimou o ditador.
Durante o seu mandato sucederam-se duas tentativas de revolução. A primeira, em Santarém, em Dezembro de 1918, foi liderada pelos republicanos Cunha Leal e Álvaro de Castro. A segunda, em Janeiro de 1919, de cariz monárquico, liderada por Paiva Couceiro, que, por algum tempo manteve a "Monarquia do Norte"; fez ressaltar a sua posição sui generis: sendo monárquico, como presidente da República, reprimiu violentamente um movimento daqueles com quem partilhava convicções.
António José de Almeida (5-10-1919 a 5-10-1923)
António José de Almeida
António José de Almeida foi um dos mais insignes republicanos, ligado a quase todos os movimentos que tentaram implantar a República em Portugal, até que triunfou em 5 de Outubro de 1910.
Nasceu no Vale da Vinha (Penacova), em 27 de Julho de 1866 e faleceu em Lisboa, no dia 31 de Outubro de 1929. Depois dessa data, esteve na origem do desmembramento do Partido Republicano Português, fundando um novo partido (o Partido Evolucionista), mas, mesmo assim, manteve o antigo prestígio, chegando a ser Chefe de Governo e Presidente da República. Aliás foi o único que, na Primeira República, conseguiu cumprir o mandato até ao fim. Republicano histórico, António José de Almeida mostrou-se sempre um esclarecido activista do movimento republicano. Era ainda aluno da Faculdade de Medicina, em Coimbra, quando se iniciou na escrita, publicando no jornal académico “Ultimatum”, um artigo que se tornaria famoso, com o título: «Bragança, o último»! Foi considerado insultuoso para o rei D. Carlos, que o processou. Defendido pelo Dr. Manuel de Arriaga, apanharia três meses de prisão.Terminado o seu curso em 1895, seguiu para Angola e, depois, para S. Tomé e Príncipe, onde exerceu a sua profissão de médico, até 1903. Nesta data regressou a Lisboa, tendo, pouco depois, partido para França para estagiar em várias clínicas, donde regressou no ano seguinte. Em Lisboa de novo, teve consultório, primeiro na Rua do Ouro, depois no Largo de Camões, entrando, ao mesmo tempo, na vida política activa. Nesta condição, foi candidato pelo Partido Republicano, em 1905 e 1906, tendo sido eleito deputado nas segundas eleições, em Agosto de 1905. No ano seguinte, em plena Câmara dos Deputados, sobe para cima da carteira, e apela aos soldados, que haviam sido chamados para expulsar os deputados republicanos do Parlamento, para que proclamem de imediato a República. Em 1907 adere à Maçonaria, como aconteceu com uma boa parte dos entusiastas republicanos de então, participando na preparação secreta das fracassadas revoltas republicanas de 1908 (Regicídio. Já antes havia participado na Revolta Republicana do 31 de Janeiro de 1891) e da revolução triunfante de 1910, que, finalmente, implantaria a República. Nesse mesmo ano de 1910, casou com Maria Joana Queiroga, nascida por volta de 1885, de quem teve uma filha. Muito conhecido pelos seus dotes de eloquência, desenvolveu uma intensa luta contra a Monarquia tanto no Parlamento (foi eleito deputado, nas duas últimas legislaturas do regime monárquico), como na comunicação social (tendo dirigido e fundado vários periódicos e subscrito artigos incisivos, contra o Monarca e o seu Regime). Logo após o triunfo da Revolução Republicana, António José de Almeida assumiu o cargo de Ministro do Interior no Governo Provisório. A partir de então começaram a ser notadas algumas divergências políticas com Afonso Costa o que esteve na base de uma profunda divisão do Partido Republicano Português, formando o seu próprio partido – o Partido Republicano Evolucionista. Mais conhecido por Partido Evolucionista, António José de Almeida fundou-o em 1912, tornando-se naturalmente o seu líder. Com excepção do período da União Sagrada, em que os evolucionistas integraram o Governo, o Partido Evolucionista foi sempre o que mais se opôs à supremacia do Partido Democrático. António José de Almeida, quase sempre defendeu a amnistia para os monárquicos, talvez com o objectivo de conquistar mais eleitores, entre o eleitorado mais conservador. Os evolucionistas, normalmente, mostraram-se defensores da concórdia nacional. O Partido Evolucionista terminou com a eleição de António José de Almeida para Presidente da República, em 1919. Antes da Presidência da República, tornou-se chefe do Governo da União Sagrada (1916-1917), assumindo também a pasta ministerial das Colónias. O Governo da União Sagrada foi promovido, em 1916, pelo então Presidente da República Bernardino Machado, que, assim, pretendia arranjar uma garantia de unidade nacional no apoio político à participação portuguesa na primeira Grande Guerra. O Governo da União Sagrada caiu com o golpe de Sidónio Pais, contrário à participação de Portugal na Guerra. Depois do interregno sidonista, em que António José de Almeida é perseguido, vem a ser eleito Presidente da República em 1919. Como Presidente da República visitou o Brasil, numa altura em que ali ocorriam alguns actos xenófobos contra os portugueses. Valeram os seus dotes oratórios para atenuar aquele movimento. António José de Almeida faleceu em 1929. Os seus amigos mandaram fazer-lhe uma estátua em Lisboa, sendo seus autores, o escultor Leopoldo de Almeida e o arquitecto Pardal Monteiro. Os seus principais artigos e discursos estão publicados, desde 1934, em três volumes, com o título “Quarenta anos de vida literária e política”.
Manuel Teixeira Gomes (6-10-1923 a 11-12-1925) Manuel Teixeira Gomes nasceu em Portimão, no dia 27 de Maio de 1860 e faleceu em Bougie
Manuel Teixeira Gomes 
(Argélia), a 18 de Outubro de 1941. Foi o sétimo presidente da Primeira República Portuguesa. Foi também escritor.
Filho de José Libânio Gomes e Maria da Glória Teixeira Gomes, foi educado pelos pais até entrar no Colégio de São Luís Gonzaga, em Portimão. Aos 10 anos é enviado para o Seminário de Coimbra, frequentando mais tarde, na mesma cidade, a Faculdade de Medicina. Cedo desiste do curso e, contrariando a vontade do pai, muda-se para Lisboa, onde pertencerá ao círculo de Fialho de Almeida e João de Deus.
Mais tarde, conhecerá outros vultos importantes da cultura literária da época, como Marcelino Mesquita, Gomes Leal e António Nobre.
O pai, com alguma visão de futuro, decide continuar a apoiar financeiramente a nova vida de cariz boémia permitindo assim que Manuel Teixeira Gomes consiga desenvolver uma forte tendência para as artes, nomeadamente na literatura, pintura e escultura, tendo-se decidido pela literatura, não deixando no entanto de admirar as outras artes. É então que se torna amigo de grandes mestres, como Columbano Bordalo Pinheiro ou Marques de Oliveira.
Vive depois no Porto, onde conheceu Sampaio Bruno, tendo sido neste período que começa a colaborar em revistas e jornais, entre eles "O Primeiro de Janeiro" e "Folha Nova".
Aos 39 anos, Manuel Teixeira Gomes apaixona-se por Belmira das Neves, nascida numa família de pescadores, o que, dado os Teixeira Gomes serem uma família importante de Portimão, terá impedido o casamento.
Depois de se reconciliar novamente com a família, viaja pela Europa, Norte de África e Próximo Oriente, em representação comercial para negociar os produtos agrícolas produzidos pelas propriedades do pai (frutos secos, nomeadamente amêndoa e figo) o que alarga consideravelmente os seus horizontes culturais.
Após a implantação da República, exerce o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal em Inglaterra. Em 11 de Outubro de 1911 apresenta as suas credenciais ao rei Jorge V do Reino Unido, em Londres, cidade onde então se encontrava a família real portuguesa no exílio.
Eleito Presidente da República a 6 de Outubro de 1923, viria a demitir-se das suas funções a 11 de Dezembro de 1925, num contexto de grande perturbação política e social. A sua vontade em dedicar-se exclusivamente à obra literária, foi a sua justificação oficial para a renúncia.
A 17 de Dezembro, embarca no paquete holandês "Zeus" rumo a Oran (Argélia) num auto-exílio voluntário, sempre em oposição ao regime de Salazar, nunca regressando em vida a Portugal.
Morre em 1941 e só em Outubro de 1950 os seus restos mortais voltaram a Portugal, numa cerimónia que veio a tornar-se provavelmente na mais controversa manifestação popular ocorrida na já então cidade de Portimão nos tempos da ditadura de Salazar, onde estiveram presentes as suas duas filhas, Ana Rosa Teixeira Gomes Calapez e Maria Manuela Teixeira Gomes Pearce de Azevedo.
Deixou uma importante obra literária, integrada na corrente nefelibata e uranista. As suas obras completas estão disponíveis ao grande público através de edição recente