13/10/2010

Projecto Testes Intermédios 2010-2011:9.º ano:15 de Março de 2011

OBJECTO DE AVALIAÇÃO
O teste intermédio de História tem por referência o Programa de História em vigor e o Currículo
Nacional do Ensino Básico - Competências Essenciais.
O teste intermédio permite avaliar as competências, os conteúdos e os conceitos / noções básicas a
estes associados, no âmbito do Programa da disciplina para o 3.º Ciclo do Ensino Básico.
 As competências enunciadas nos documentos referidos, a partir dos seus três grandes núcleos
estruturantes (Tratamento de Informação / Utilização de Fontes; Compreensão Histórica e
Comunicação em História), foram seleccionadas e formuladas no sentido de serem passíveis de
avaliação em prova escrita de duração limitada.
Relativamente aos conteúdos previstos no Programa do 3.º Ciclo, reordenados nas Competências
Específicas do Currículo Nacional do Ensino Básico, o teste intermédio não integrará itens sobre o
subtema J 3 – A II Guerra Mundial e sobre o tema K – Do segundo após-guerra aos desafios do
nosso tempo, conteúdos obrigatórios do 9.º ano, que provavelmente não estarão abordados à data da realização do teste intermédio.
Também não serão objecto de avaliação os conteúdos do 7.º e do 8.º ano que não constam da presente Informação.
Esta opção não pretende condicionar a gestão do programa pelos professores, nem pressupõe a eliminação de qualquer conteúdo do programa da disciplina, mas apenas delimitar os conteúdos para esta prova específica.
Os conceitos/noções previstos no Programa do 3.º Ciclo só serão avaliados no contexto dos
conteúdos com que se relacionam.

A) COMPETÊNCIAS

TRATAMENTO DE INFORMAÇÃO / UTILIZAÇÃO DE FONTES
· Interpreta documentos de natureza diversa e com mensagens diversificadas;
· Utiliza conceitos históricos a partir da interpretação e da análise de fontes (textos, imagens,
mapas e plantas, tabelas cronológicas, gráficos e quadros).

COMPREENSÃO HISTÓRICA
Temporalidade
· Identifica e caracteriza fases principais da evolução histórica e grandes momentos de ruptura;
· Localiza no tempo eventos e processos e distingue ritmos de evolução.
Espacialidade
· Localiza no espaço diferentes aspectos das sociedades humanas em evolução e interacção;
· Estabelece relações entre a organização do espaço e os condicionalismos físico-naturais.
Contextualização
· Distingue, numa dada realidade, os aspectos de ordem demográfica, económica, social,
política e cultural e estabelece conexões e inter-relações entre eles;
· Interpreta o papel dos indivíduos e dos grupos na dinâmica social;
· Reconhece a simultaneidade de diferentes valores e culturas e o carácter relativo dos valores
culturais em diferentes espaços e tempos históricos;
· Relaciona a história nacional com a história europeia e mundial, abordando a especificidade
do caso português.

COMUNICAÇÃO EM HISTÓRIA
· Produz, em função do solicitado, textos com correcção linguística, aplicando o vocabulário
específico da disciplina.

B) CONTEÚDOS / TEMAS

B – A HERANÇA DO MEDITERRÂNEO ANTIGO
B 1. Os Gregos no século V a.C.
B 2. O mundo romano no apogeu do império
B 3. Origem e difusão do cristianismo
E – EXPANSÃO E MUDANÇA NOS SÉCULOS XV E XVI
E 1. O expansionismo europeu
E 2. Renascimento e Reforma
I – A EUROPA E O MUNDO NO LIMIAR DO SÉC. XX
I 1. Hegemonia e declínio da influência europeia
I 2. Portugal: da 1.ª República à ditadura militar
I 3. Sociedade e cultura num mundo em mudança
J – DA GRANDE DEPRESSÃO À II GUERRA MUNDIAL
J 1. A grande crise do capitalismo nos anos 30 (*)
J 2. Regimes ditatoriais na Europa
(*) Sendo de abordagem sucinta, este subtema poderá ser mobilizado em articulação com J 2.

CARACTERIZAÇÃO DO TESTE
O teste intermédio de História apresenta quatro grupos de itens.
A soma das pontuações dos Grupos I e II, que integram temas dos 7.º e 8.º anos de escolaridade, é de 40 a 50 pontos.
A soma das pontuações dos Grupos III e IV, que integram temas do 9.º ano, é de 50 a 60 pontos.
Todos os grupos podem integrar itens de selecção e itens de construção.
Todos os itens têm por suporte um ou mais documentos.
Serão disponibilizadas duas versões do teste.
Os alunos não respondem no enunciado do teste.
As respostas são registadas em folha própria do estabelecimento de ensino em que é realizado o teste.

MATERIAL
Os alunos apenas podem usar, como material de escrita, caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta.
Não é permitido o uso de corrector.

DURAÇÃO
O teste intermédio tem a duração de 90 minutos, não podendo a sua aplicação ultrapassar este limite de tempo.

02/10/2010

O ESCUDO: MOEDA DA 1ª REPÚBLICA PORTUGUESA

Viva a Republica. Sob a divisa de Alvorada, a primeira moeda comemorativa Republicana só poderia ser alusiva à Proclamação da República em 5 de Outubro de 1910. É uma moeda com dois autores, uma vez que sendo comummente atribuída ao escultor José Simões de Almeida (Sobrinho), na realidade o famoso anverso da alvorada republicana é obra do escultor Francisco dos Santos.
FICHA TÉCNICA. . . . . . . . . . . . . .Metal: Prata / Silver-Peso: 25 gr-Diametro: 37 mm

Ano: 1914-Valor Facial: 1 escudo-Metal: prata 835 º/oo-Acabamento: normal-Diâmetro: 37 mm-Peso: 25 g-Bordo: serrilhado-Eixo: vertical-Tiragem: 1.000.000-Escultor: A/ Francisco dos Santos - R/ José Simões de Almeida (Sobrinho)-Gravador: Alves do Rego-Legislação: Decreto-Lei nº 927 de 3 de Outubro de 1914
A/: à direita do campo, tendo em fundo o Sol nascente sobre a Terra, a figura simbólica da República, de meio corpo à esquerda, envolvida na bandeira nacional e empunhando um facho aceso na mão direita, tendo por baixo a inscrição "5 de Outubro de 1910", em três linhas e, na orla superior, a legenda "República Portuguesa", entre pares de estrelas.
R/: ao centro do campo, o escudo das Armas Nacionaais assente num "fascio" romano de varas e machado, circundado por vergônteas de louro e de carvalho entrelaçadas em baixo por um laço e, na orla inferior, o valor "1 Escudo".
Poucos meses passados sobre a Revolução de 5 de Outubro de 1910 o governo provisório da República decretou a mudança da unidade monetária, que de real passou, em 5 de Maio de 1911, a designar-se por escudo (de ouro), equivalente a mil reais dos anteriores e com um peso legal de 1,8065 gramas (de toque 900 milésimos).Acrescentaremos, apenas como simples curiosidade, que a paridade então estabelecida em relação à libra esterlina foi de uma libra de ouro igual a 4,5 escudos de ouro.Foram também criadas por essa lei de Maio de 1911, as novas moedas da República, de ouro (que nunca chegaram a cunhar-se), de prata e de bronze níquel, que entrariam em circulação desde meados de 1912.Apesar de desde 1911 se ter pensado criar e emitir moedas comemorativas da proclamação da República, seria só em 1914 que viria a concretizar-se essa oportunidade, tendo então o Congresso da República autorizado o governo a cunhar moedas de prata de um escudo, cujo lançamento em circulação se pretendia coincidisse com o dia 5 de Outubro de 1914.Esta primeira moeda comemorativa da República merece uma especial menção sob o ponto de vista artístico, pois que representa um interessante exemplo de “Arte Nova” na escultura numismática nacional, sem dúvida influenciada pela correspondente arte medalhística, que de França entrou em Portugal pela mão de dois dos nossos mais notáveis escultores, João da Silva e José Simões de Almeida (sobrinho).Há uma outra história ainda por contar sobre as gravuras numismáticas que ornamentam essa primeira moeda representativa do escudo republicano, cunhada em substituição das anteriores espécies comemorativas de bronze-níquel previstas no decreto de 1911 e cuja amoedação não proporcionava grande lucro.Em Junho de 1914, nas vésperas da deflagração da Primeira Guerra Mundial e quando as questões da defesa nacional tinham já adquirido significativa importância nas preocupações do Governo e do Parlamento, a proposta de lei orçamental do Ministério das Finanças para o ano económico de 1914/1915 passou a incluir, sob proposta de Afonso Costa, a emissão de uma nova moeda de prata de 1 escudo comemorativa da proclamação da República, cujos lucros de amoedação, calculados em 613.616$00, ficariam reservados para as despesas da defesa nacional. Em simultâneo, e tendo em vista aumentar os lucros da amoedação de prata, o toque das moedas de 1 escudo foi reduzido para 835 º/oo, o que proporcionaria uma economia suplementar de 143.812$ (Lei n.º 220, de 30 de Junho de 1914).Conhecendo-se o tempo necessário para o aprontamento dos cunhos para uma nova moeda, verifica-se que essa cunhagem já vinha sendo preparada com antecedência, pelo menos desde início de 1914, quando Afonso Costa ainda era o titular da pasta das Finanças. A urgência pretendida pelo Governo e a data prevista para o lançamento público, 5 de Outubro, influíram decisivamente na escolha dos modelos para as suas gravuras numismáticas, que tinham de ser diferentes das das moedas de prata da emissão normal.Nessa altura já estavam em poder da Casa da Moeda as fundições em bronze dos modelos aprovados para as moedas de bronze-níquel, peças indispensáveis para a gravação mecânica das matrizes em aço.Por razões que ainda hoje não são conhecidas, a Casa da Moeda abandonou o modelo Pátria do anverso premiado para as moedas comemorativas desse metal, da autoria de Simões de Almeida (Sobrinho), e seleccionou o anverso do modelo alvorada classificado em seundo lugar, da autoria de Francisco dos Santos.Quanto ao reverso, foi seleccionado um outro modelo, também classificado em segundo lugar, mas no concurso para as moedas de ouro, cujo processo de selecção terminara a 5 de Dezembro de 1913. E será precisamente este modelo de reverso não aprovado em 1913 para a moeda de ouro, onde o escudo nacional aparece assente num "fascio" romano e circundado por vergônteas de louro e de carvalho, que será utilizado para compor essa face da nova moeda comemorativa, a primeira a ter uma dupla autoria.As duas primeiras moedas cunhadas a 28 de Agosto de 1914 foam entregues pelo ministro das Finanças ao tesoureiro da Casa da Moeda, para o seu museu numismático, onde ainda hoje se encontram.

BUSTO DA 1ª REPÚBLICA PORTUGUESA

Francisco dos Santos frequentou as aulas de Escultura de Simões de Almeida (tio), na Escola de Belas-Artes de Lisboa, partindo depois para Paris, onde frequentou o atelier de Charles Verlet, e, mais tarde, para Roma.
 Aí, em 1906, executou a estátua Crepúsculo (hoje no Museu do Chiado).
Regressando a Portugal em 1909, participou, no ano seguinte, no concurso da Câmara Municipal de Lisboa para eleição do busto oficial da República portuguesa, do qual saiu vencedor.Em 1913 esculpiu Salomé, considerada a sua obra-prima (também no Museu do Chiado).Em 1915 e 1917 realiza Um Beijo e Nina (no mesmo Museu) e, em 1920, concebe Prometeu (no Jardim Constantino, frente à Assembleia Distrital de Lisboa).Da sua autoria são também a escultura mortuária Poeta para o túmulo de Gomes Leal (Cemitério do Alto de São João, Lisboa) e o Monumento ao Marquês de Pombal (na Praça do mesmo nome, em Lisboa), vencedor no concurso aberto para selecção do melhor projecto.

A representação tradicional da República foi inspirada na figura central de uma pintura panfletária de Eugène Delacroix (1798-1863), “A Liberdade Guiando o Povo” (1830). Neste quadro, o principal pintor do Romantismo francês mostra uma figura feminina com um barrete frígio, representando a Liberdade, destemida e determinada. Os seios descobertos, sem intuitos lascivos, exprimem a ideia de liberdade absoluta, contra os normativos morais vigentes. O barrete frígio, já utilizado na antiguidade pelos habitantes da Frígia (actual Turquia), foi adoptado pelo povo como símbolo revolucionário na tomada da Bastilha (1789) e tornou-se um dos principais símbolos da República Francesa.
A Liberdade imaginada por Delacroix em 1830 foi logo depois representada em busto por diversos escultores, reproduzida e reinterpretada ao longo dos anos e décadas, até ao presente. Manteve o ar decidido, o barrete frígio, cobriu-se o peito e acrescentou-se o ramo de loureiro triunfal ou a foice, simbolizando a abundância.
Na França, a figura que representa a República é conhecida desde sempre por Marianne.
Conhecido por José Simões de Almeida (sobrinho) para se distinguir do seu tio (Mestre escultor José Simões de Almeida), o autor do busto português da República nasceu em Figueiró dos Vinhos em 1880 e faleceu em Lisboa em 1950.
Formou-se em Escultura em 1903, na Academia Real de Belas-Artes (depois Escola de Belas-Artes de Lisboa), onde foi aluno de seu tio e mais tarde professor de desenho e pintura.
Bolseiro da Academia Nacional de Belas Artes, estudou escultura em Paris e Roma.
Após a conquista da Câmara de Lisboa pelos republicanos nas eleições de 1 de Novembro, o novo presidente da Câmara, Anselmo Braamcamp Freire (1849 –1921), encomendou a Simões de Almeida (sobrinho) um busto para a República, que o escultor executou utilizando como modelo a jovem Ilda Pulga.
A República só teve símbolos oficiais em 1911 (e efígies republicanas nas moedas em 1912), razão pela qual esse busto marcou presença em diversos acontecimentos republicanos e cerimónias oficiais logo após o 5 de Outubro de 1910, com destaque para o funeral conjunto de Miguel Bombarda e de Cândido dos Reis (6 de Outubro de 1910), e granjeou a preferência de muitos lideres republicanos. Para o concurso nacional de 1910, Simões de Almeida apresentou uma proposta baseada nesse primeiro busto, com alterações suficientes para cumprir a exigência regulamentar de obras inéditas, mas rapidamente identificada pelo comum dos republicanos e a proposta vencedora do concurso nacional não teve aceitação popular. Encontra-se hoje exposta no Museu da República.