02/02/2010

SUBTEMA K.1.: O MUNDO SAÍDO DA GUERRA-GUERRA FRIA: BLOCOS

GUERRA FRIA:BLOCOS
Em junho de 1941, a União Soviética era invadida pelas tropas de Adolf Hitler. O objetivo era aniquilar o que Hitler chamava de "cancro comunista". Depois de três anos de guerra em solo soviético e quase trinta milhões de mortos, o Exército Vermelho de Josef Stalin reverteu a situação e iniciou sua marcha rumo a Berlim, a capital da Alemanha na época da Segunda Guerra Mundial. Os soviéticos foram os primeiros a ocupar Berlim, em abril de 1945. Cercado pelos comunistas, o führer cometeu suicídio, em 30 de abril. Dois dias depois, Berlim capitulou.
Com o triunfo militar, a União Soviética ficou em boa posição para sentar-se à mesa de negociações, junto com a Grã-Bretanha e os Estados Unidos. Os líderes das potências vitoriosas tomaram para si a tarefa de reorganizar a estrutura geopolítica, económica e financeira do mundo. Entre muitas decisões vitais para o planeta estava o futuro da região situada entre a Alemanha e a União Soviética, mais tarde chamada de Europa do Leste, ou Europa Oriental. Uma região de fundamental importância durante todo o período da Guerra Fria.

Conferência de Potsdam: formação do bloco socialista

Josef Stalin, da União Soviética, Harry Truman, dos Estados Unidos, e Winston Churchill, da Grã-Bretanha, reuniram-se na Conferência de Potsdam, no subúrbio de Berlim, de 17 de julho a 2 de agosto de 1945. Durante o encontro, Churchill foi substituído por Clement Attlee, do Partido Trabalhista inglês, vencedor das eleições e novo primeiro-ministro britânico. Na cúpula de Berlim, o mundo foi partilhado entre comunistas e capitalistas, dando
origem aos blocos da Guerra Fria. O líder soviético, Josef Stalin, apresentou um fato consumado: seu país já ocupava toda a região da Europa a leste da Alemanha. Na conferência, a área foi formalmente reconhecida como de influência soviética.
De um modo geral, a ocupação da Europa do Leste pelo Exército Vermelho e a imposição da política de Moscovo aconteceram sem grandes resistências. As instituições políticas e as organizações sociais haviam sido desmanteladas pelas tropas de Hitler. Na Albânia e na Jugoslávia, no entanto, a União Soviética encontrou lideranças e instituições mais sólidas.
Na Jugoslávia havia uma estrutura comunista bem organizada por Josip Broz Tito. O dirigente, após anos de resistência contra o ocupante nazista, decidiu não compartilhar com Stalin as decisões sobre os destinos de seu país. Até sua morte, em 1980, manteve uma política independente de Moscovo.
Na Albânia aconteceu um processo semelhante. O líder comunista Enver Hodja havia estruturado um forte grupo de resistência ao ocupante italiano, e assumido o poder após a derrota do Eixo, em 1945. Hodja também ficaria no poder até morrer, em 1985. Mas, diferentemente de Tito, manteve boas relações com Stalin.
No final de 1948, Moscovo estendia seu domínio até a Europa Central, numa vasta região que englobava a Polónia, a Hungria, a Checoslováquia, a Roménia e a Bulgária.
Alemanha: divisão complexa
 
A inclusão da Alemanha no bloco socialista foi mais complicada, porque o país estava dividido em dois.
A parte oriental sob influência de Moscovo, e a parte ocidental subdividida entre a França, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. A capital Berlim, situada na área controlada pelos soviéticos, adquiriu uma configuração bizarra: a parte oeste da cidade tornou-se uma ilha capitalista cercada de socialismo por todos os lados. As negociações foram difíceis por causa das tensões provocadas pelo Plano Marshall, um programa de ajuda aos países europeus ocidentais elaborado pelo secretário de Estado norte-americano George Marshall, em 1947. Os Estados Unidos passaram a injetar dinheiro na Alemanha e apoiaram a convocação de uma assembléia constituinte nas zonas ocidentais, marcada para setembro de 1948.
Os soviéticos, por sua vez, decidiram retirar seu representante do Conselho de Controle Interaliado, que administrava a Alemanha desde a Conferência de Potsdam. Com a saída soviética, a Grã-Bretanha, a França e os Estados Unidos realizaram uma reforma monetária na Alemanha. Surgiu uma nova moeda, o Deutche Mark, desvinculada da moeda emitida no leste pela União Soviética. Em pouco tempo, o novo dinheiro invadiu o setor oriental, criando instabilidade na economia socialista e gerando a primeira crise berlinense.
Em junho de 48, Stalin ordenou o bloqueio de Berlim, proibindo a entrada de trens e camiões de suprimentos no sector capitalista da cidade. Em reação, os países ocidentais organizaram uma grande ponte aérea, que por quase um ano abasteceu os dois milhões de habitantes do lado oeste de Berlim.
O bloqueio foi suspenso em maio de 49. Em seguida, foi anunciada a criação da República Federal da Alemanha, ou Alemanha Ocidental, com capital em Bona. Em outubro de 49, foi proclamada a República Democrática Alemã, ou Alemanha Oriental, com capital em Berlim Oriental.
Nos primeiros anos do pós-guerra, o mundo estava se acomodando à nova ordem económica e política, regida pelas duas maiores potências, Estados Unidos e União Soviética. Com a divisão formal da Alemanha, em 1949, estava configurada a Cortina de Ferro, como Churchill referia-se ao bloco socialista. E, com ela, o cenário definitivo da Guerra Fria na Europa.

Plano Marshall: reação ocidental Àquela altura o Plano Marshall estava em plena execução, com grandes investimentos americanos na Europa. O Plano Marshall havia surgido a partir da Doutrina Truman, lançada em 1947 pelo presidente americano Harry Truman. Segundo a doutrina, os Estados Unidos não mediriam esforços para conter o expansionismo soviético.
Definida a nova configuração da Europa, e sedimentada a concepção dos blocos econômicos, as tensões internacionais só viriam a aumentar, com demonstrações de hostilidade mútua por parte das superpotências.

A criação da OTAN Em abril de 49, antes mesmo do fim do bloqueio de Berlim, os Estados Unidos criaram a OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, com a participação do Canadá, França, Grã-Bretanha, Bélgica, Dinamarca, Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega e Portugal. A Grécia e a Turquia ingressariam em 52, a Alemanha Ocidental em 55 e a Espanha em 82.
Uma das principais resoluções da OTAN garantia a defesa em bloco no caso de um ataque armado a qualquer país membro da organização. Os Estados Unidos queriam assegurar a hegemonia militar na Europa capitalista, e também garantir um ataque rápido e eficiente no caso de um confronto com a União Soviética.
No momento de criação da OTAN, tropas soviéticas e americanas realizavam manobras provocativas nas fronteiras da Alemanha. Eram tensas as relações entre Washington e Moscou.
Em março de 53, Stalin morria sem ter presenciado qualquer turbulência mais séria num país sob influência soviética. O primeiro conflito aconteceria logo em seguida, em junho, quando uma greve de operários de Berlim Oriental seria reprimida com violência pelo exército da Alemanha socialista.
Com a morte de Stalin, teve início uma guerra surda na cúpula do Partido Comunista soviético. Em setembro de 53, Nikita Khruschev foi eleito primeiro-secretário do Partido. Mas o novo líder consolidaria seu poder somente em 1955. Para se fortalecer no Partido e isolar os adversários, Khruschev adotou uma linha reformista e rompeu com o stalinismo, denunciando os crimes de Stalin durante o Vigésimo Congresso do Partido Comunista, em 1956. Na área da política externa, o novo líder propôs o diálogo e a coexistência pacífica.
A criação do Pacto de Varsóvia
Ao mesmo tempo, Khruschev tornava-se o principal arquiteto do Pacto de Varsóvia, um organismo militar criado em maio de 1955 como resposta à adesão da Alemanha à OTAN. O Pacto teve, no início, a participação da União Soviética, Albânia, Alemanha Oriental, Bulgária, Tchecoslováquia, Romênia, Polônia e Hungria. Em 1956, aconteceu na Hungria a primeira intervenção das forças do Pacto. No primeiro semestre, o país viveu um período liberal,
sob o comando do dirigente Imre Nagy. A União Soviética acompanhou os acontecimentos a distância. Em outubro, Nagy decidiu retirar a Hungria do Pacto de Varsóvia, o que provocou a reação imediata de Moscou. Tanques do próprio Pacto entraram em Budapeste, pondo fim à iniciativa. Dois anos depois, Imre Nagy seria executado como traidor.
Também em 56, os operários polacos, influenciados pela Igreja Católica, iniciaram uma série de protestos que o Partido Comunista reprimiu antes da intervenção do Pacto.

Anos 60: ergue-se o Muro de Berlim
Em agosto de 1961, Khruschev determinou a construção do Muro de Berlim. Surgiu na capital da Alemanha Oriental uma barreira de 45 quilômetros de extensão e 3 metros de altura, com diversos postos de vigilância policial, dividindo os lados leste e oeste da cidade.
A União Soviética queria conter o êxodo de milhares de professores, intelectuais e trabalhadores alemães-orientais para o outro lado, atraídos pela propaganda capitalista. E queria também controlar a entrada de dinheiro e mercadorias do Ocidente, fatores de instabilidade na economia da Alemanha Oriental. Além do aspecto econômico, havia também questões de estratégia envolvidas. O lado ocidental de Berlim era considerado um portão de entrada de
espiões para o mundo socialista. O muro serviria para diminuir um pouco esse fluxo. Era, em resumo, um conjunto de fatores que poderia levar as superpotências a um impasse perigoso para o futuro do planeta. Nesse sentido, o Muro de Berlim pode ter evitado um mal pior, que seria um confronto aberto entre Estados Unidos e União Soviética.
De qualquer maneira, o Ocidente soube explorar bem a existência do Muro para efeito de propaganda política. Em 1962, o presidente Kennedy faria referências ao tema num de seus mais famosos discursos, durante uma visita à Alemanha.
O assunto Muro de Berlim foi deslocado para segundo plano com o abrupto afastamento do dirigente Nikita Khruschev do comando da União Soviética, em 1964. O mundo viveu momentos de dúvida e apreensão sobre os novos rumos da política de Moscou.
Anos 60: Brejnev endurece a política externa soviética Em 15 de outubro de 64, Alexei Kossíguin assumiu o cargo de primeiro-ministro da União Soviética. Mas o posto principal de comando foi para as mãos do novo primeiro-secretário do Partido Comunista, Leonid Brejnev. O dirigente mostrou um estilo mais duro que o de Khruschev. Em 1968, agiu com vigor ao enfrentar uma crise com a Checoslováquia. Sob o governo de Alexander Dubcek, o país iniciava um programa de reformas conhecido como Primavera de Praga.
Para Brejnev, qualquer distúrbio num país do Pacto de Varsóvia representava uma ameaça potencial à aliança. Na Tchecoslováquia, no entanto, não havia distúrbios, mas um movimento interno de liberalização política. A Primavera de Praga terminou em agosto, quando tropas do Pacto de Varsóvia tomaram as ruas da capital checa.
Ainda em 68, a Albânia, aliada do líder chinês Mao Tsé-tung, decidiu sair do Pacto de Varsóvia. Nesse caso, Brejnev não reagiu. A decisão albanesa não valia um confronto com a China. Além disso, a atitude do dirigente Enver Hodja apenas tornava oficial um afastamento que já existia desde 62.
Nos anos 70, praticamente não se viu qualquer tipo de contestação política nos países socialistas. O maior problema de Brejnev foi outro: o surgimento do eurocomunismo na Itália, França e Espanha. Se por um lado a chamada "causa socialista" ganhava força na Europa Ocidental, por outro lado, e para o descontentamento de Brejnev, os partidos comunistas francês, espanhol e italiano não seguiam à risca as orientações ideológicas de Moscou. Com essa independência, os partidos buscavam maior sintonia com a opinião pública e com a própria identidade de seus países. Não fosse pelo eurocomunismo, a década de 70 teria reservado pouco destaque para o socialismo na Europa. Mas dois fatos importantes estavam por vir, no início dos anos 80: o surgimento do sindicato independente Solidariedade, na Polónia, e a morte do marechal Tito, na Jugoslávia.

Anos 80: crise política na Jugoslávia e na Polónia

O desaparecimento do dirigente Josip Broz Tito, em maio de 1980, pôs fim a um período de estabilidade inaugurado em 1945 com a proclamação da República Popular da Jugoslávia. Após a morte de Tito, um líder carismático e centralizador, as aspirações separatistas ganharam força nas repúblicas integrantes da Federação jugoslava. Os movimentos nacionalistas viriam a radicalizar suas posições durante toda a década de 80, até a eclosão da guerra civil, em 1991.
Também em 1980, no mês de setembro, surgiu na Polónia o sindicato independente Solidariedade, sob o comando do líder metalúrgico Lech Walesa. Era a primeira entidade civil de natureza política e social num país socialista a escapar do controle do Partido Comunista. Mesmo os movimentos da Hungria, em 1956, e da Checoslováquia, em 68, reprimidos por Moscovo, foram liderados por comunistas, o húngaro Imre Nagy e o tcheco Alexander Dubcek. No caso do Solidariedade, ocorreu o oposto: o líder Lech Walesa era anticomunista e contava com a simpatia do Vaticano, na figura do próprio Papa João Paulo II, também polaco. Um apoio decisivo para a combatividade do sindicato. O
Solidariedade passou a organizar greves e passeatas contra o governo. A crise econômica estimulava as atividades sindicais. Multiplicaram-se os panfletos, jornais, livros e revistas contestando o regime. O sindicato chegou a criar uma estação de rádio, num desafio aberto a Moscovo. Em dezembro de 81, o governo polaco pôs os tanques nas ruas e decretou a ilegalidade do Solidariedade. O sindicato passou a atuar na clandestinidade, com apoio de parcela expressiva da população.
Crise económica no bloco socialista
A época era de crise econômica nos países socialistas, a começar pela União Soviética. O país enfrentava problemas como desemprego, falta de alimentos, prostituição e consumo de drogas. No Cáucaso soviético, o desemprego atingia cerca de um terço da população economicamente ativa. A não ser pelos progressos do setor militar e espacial soviético, a indústria no mundo socialista não acompanhava os avanços tecnológicos do Ocidente. O obsoletismo do parque industrial refletia-se no abastecimento da população. Na União Soviética, o racionamento de alimentos e a escassez de produtos como sabonete, roupas e calçados provocavam grandes filas nas principais cidades.
Em oposição ao quadro de crise, uma camada da população, formada pelos funcionários da burocracia do Estado e do Partido Comunista, tinha acesso a bens e serviços fora do alcance do cidadão comum. Nos anos 80, sob o governo de Brejnev, mais do que em outras épocas, o conceito de socialismo foi deturpado pelos próprios dirigentes da União Soviética. A opinião pública ocidental tomou conhecimento de denúncias de corrupção generalizada na cúpula do poder de Moscovo, garantida pela repressão da KGB, a polícia política soviética.

Acompanhando esses fatos, fica mais fácil entender a força do Solidariedade na Polónia durante a década de 80. Depois dele, diversos grupos de oposição brotaram em toda a Europa do Leste, organizando os movimentos sociais que culminariam no desmantelamento do bloco socialista, em 1989.

A ascensão de Gorbatchev
Mas foi em abril de 1985 que surgiu um fato novo, decisivo para o futuro da Europa do Leste. Mikhail Gorbatchev chegava ao poder na União Soviética, com um amplo programa de reformas democráticas em seu país. Um empreendimento que em poucos anos mudaria sensivelmente a disposição geopolítica do planeta. O programa de Gorbatchev foi anunciado em 86, durante o 27° Congresso do Partido Comunista.
Nos primeiros anos de governo, o líder tomou medidas de impacto. Declarou moratória nuclear unilateral, abrandou a censura à imprensa, libertou os presos políticos e, em 1988, iniciou a retirada das tropas soviéticas do Afeganistão, depois de 9 anos de intervenção militar. No âmbito da política externa, Gorbatchev revogou a chamada "doutrina Brejnev", esvaziando as funções do Pacto de Varsóvia e desmilitarizando o teor das conversações internacionais sobre assuntos estratégicos.
A "era Gorbatchev" logo provocou um novo comportamento político nos países da Europa do Leste. Multiplicaram-se os movimentos democráticos na Hungria e na Tchecoslováquia. Na Polônia, o Solidariedade passou à ofensiva e reconquistou a legalidade. Mas foi na Alemanha, em 1989, que aconteceram as transformações mais expressivas. Aproveitando o clima de abertura, milhares de alemães-orientais começaram a deixar o país, a partir de agosto de 89. As autoridades evitaram um conflito direto com a oposição, para afastar o risco de um banho de sangue como o da Praça da Paz Celestial, ocorrido pouco antes, em 4 de junho, em Pequim, capital da China. No episódio, cerca de dois mil estudantes foram violentamente atacados pelas forças de segurança chinesas durante uma manifestação pela democracia. Na Alemanha Oriental, o dirigente Erick Honecker ainda tentou conter o ímpeto de mudanças no país. Mandou reprimir algumas manifestações mas foi desencorajado por Gorbatchev durante os festejos, em Berlim, do 40° aniversário de fundação da República Democrática Alemã, em outubro de 89.
O fim do muro
"Um governo que não muda com a vida está condenado ao desaparecimento." A partir dessa frase de Gorbatchev, dirigida a estudantes alemães, as forças de oposição da Alemanha Oriental decidiram partir para a ofensiva final contra o governo. Em cinco semanas, o Muro de Berlim viria abaixo, precisamente no dia 9 de novembro de 1989.



"Eu acompanhei pessoalmente a crise dos refugiados, a comemoração do 40° aniversário da RDA e a queda do Muro de Berlim. Às vezes, tenho a impressão de ter participado de um sonho. Lembro-me de milhares de pessoas cruzando o muro naquela noite fria de outono, dos encontros de familiares e casais que durante anos não puderam se encontrar, dos fogos de artifício, das cervejas e champanhes, das conversas, dos risos e dos choros de emoção. Eu tinha a nítida sensação de estar presenciando a própria história. Era óbvio que dali para a frente o socialismo na Europa do Leste havia chegado ao fim."
José Arbex :jornalista
A queda do Muro de Berlim foi festejada pelos governos e pela grande imprensa ocidental. Em poucos meses, todos os regimes socialistas chegavam ao fim na Europa. Na maioria dos casos, de forma pacífica.
A exceção foi a Roménia, que viveu um processo sangrento por causa da resistência do dirigente Nicolai Ceausescu. Nos confrontos de rua estavam, de um lado, a população e setores das Forças Armadas. Do outro lado, a Guarda Nacional, fiel ao dirigente. O saldo foi de cerca de 10 mil mortos. Ceausescu e sua mulher, Helena, acabaram presos e submetidos a um julgamento sumário.

Condenados à morte, foram executados diante das câmeras de TV, no dia 25 de dezembro de 89. Na Jugoslávia, o fim do muro foi o sinal para os nacionalistas desafiarem o governo central.
Em 1991, a Eslovénia e a Croácia foram as primeiras repúblicas a declarar independência. Em 92, foi a vez da Bósnia-Herzegovina. Questões étnicas e conflitos nacionalistas transformaram a região no cenário de uma sangrenta guerra civil. No final de 95, um acordo de paz na Bósnia traria uma certa estabilidade no convívio entre as repúblicas surgidas com o fim da Federação Jugoslava.



Descontentamento e ilusão
O processo que conduziu ao fim do bloco socialista europeu foi marcado pelo descontentamento popular com o modelo vigente naqueles países. Além disso, durante todo o período de Guerra Fria, o ocidente procurou, de todas as formas, passar ao mundo socialista a imagem do capitalismo como a de um sistema quase perfeito, com liberdade e boas condições de vida para todos. Muita gente no bloco socialista acreditava que poderia usufruir apenas do lado bom do capitalismo. Outras pessoas achavam a democracia capitalista um modelo de sistema equilibrado. Em pouco tempo, no entanto, o antigo bloco socialista começou a sentir os problemas do desemprego, do desequilíbrio social e da frustração profissional.
Uma das conclusões que se pode tirar de todo esse processo histórico é que a humanidade ainda está longe do caminho mais adequado para a vida em sociedade. Um sistema em seja possível reunir saúde, educação e trabalho para toda a população do planeta. De qualquer forma, como afirma o cientista político Eric Hobsbawn, a única coisa que se pode afirmar com certeza a respeito disso tudo é que enquanto existir o ser humano, existirá história.

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